Marcelo M. Guimarães
22/05/2016

No painel da direita temos o espectro infravermelho obtido com o instrumento LEISA, a bordo da New Horizons. Podemos ver as absorções largas de gelo de água cristalino de 1,50 a 1,60 µm e também uma absorção estreita em 1,65 µm. À direita vemos uma imagem de Caronte e de Hidra, obtidas pela sonda New Horizons. [1]
No painel da direita temos o espectro infravermelho obtido com o instrumento LEISA, a bordo da New Horizons. Podemos ver as absorções largas de gelo de água cristalino de 1,50 a 1,60 µm e também uma absorção estreita em 1,65 µm. À direita vemos imagens de Caronte e de Hidra, obtidas pela sonda New Horizons. [1]
Se em Marte a água ferve ao brotar do subsolo e chegar na superfície, em Hidra e Caronte, duas luas de Plutão, água é encontrada na forma de gelo cristalino. Dados da bem-sucedida missão New Horizons, da NASA, indicam a presença de gelo de água tanto em Hidra quanto em Caronte. A surpresa é que o gelo encontrado em Hidra é muito mais cristalino, ou seja, mais puro, do que o encontrado em Caronte.

O espectro infravermelho mostrado na figura desse artigo foi obtido com o instrumento LEISA (Linear Etalon Imaging Spectral Array), em julho de 2015, quando a New Horizons ainda estava a aproximadamente 240 mil km de Plutão. As assinaturas de gelo de água cristalino são marcantes e inconfundíveis, segundo os especialistas da missão [2]. As diferenças nas absorções vistas nos espectros de Hidra e Caronte sugerem que os cristais de gelo em Hidra são maiores e refletem mais a luz (em alguns ângulos) do que os cristais de gelo em Caronte.

Medindo apenas 50 km, Hidra pode ter se formado do resto de material congelado resultante da colisão entre dois corpos que deram origem ao sistema Plutão-Caronte. Ainda não se sabe a razão para que o gelo de água em Hidra seja mais cristalino do que em Caronte. Uma possibilidade é que micrometeoritos renovem constantemente a superfície de Hidra, que por ser pequena não retém partículas contaminantes. Caronte tem cerca de 1.210 km e consequentemente muito mais massa, o que faz com que essas mesmas partículas fiquem retidas na superfície, contaminando o gelo cristalino e dando a Caronte um aspecto mais marrom.

Plutão deixou de ser um planeta e segundo as regras de categorização da IAU passou a ser um planeta-anão. Mas com certeza, após a missão New Horizons, Plutão e suas luas passaram de coadjuvantes a peças fundamentais para o entendimento do processo de formação de planetas.

A cada conjunto de dados que chega dos confins do Sistema Solar nos maravilhamos com as belas e misteriosas paisagens geladas de Plutão e suas luas.

[1] Crédito da imagem: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute.

[2] Icy Hydra. New Horizons – NASA’s Mission to Pluto. URL: http://pluto.jhuapl.edu/News-Center/News-Article.php?page=20160506. Acesso em 20 de maio (2016).

Como citar este artigo: Marcelo M. Guimarães. Gelo cristalino em Hidra e Caronte. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/05/gelo-cristalino-em-hidra-e-caronte/. Publicado em 22 de maio (2016).

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