Marco Túlio Chella
19/08/2016

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Os beacons representam um conjunto de tecnologias de hardware e software com aplicação principal em localização com contexto.

Uma forma de entender o conceito de beacon é por meio da analogia com um farol de sinalização marítima que emite um sinal, mensagem de luz, mas não tem capacidade de enxergar os navios, estes, sim, podem enxergar a mensagem luminosa e executar alguma ação. Um beacon cumpre uma única função, que é transmitir uma mensagem indicando sua presença em determinado espaço. Ele não tem capacidade de reconhecer qualquer dispositivo a sua volta, não executa nenhum tipo de conexão e não captura nenhum dado externo. Já um aplicativo, no dispositivo móvel, ao detectar um sinal emitido pelo beacon pode ativar alguma ação, como gerar uma notificação, abrir uma URL no navegador ou ativar alguma função nativa do dispositivo.

Fisicamente, o beacon é um dispositivo eletrônico de pequenas dimensões (aproximadamente 3 cm x 3 cm) que de forma constante e a intervalos regulares emite, por meio de sinais de rádio, pacotes de dados para dispositivos móveis como smartphones e tablets. Parâmetros, como intervalo de transmissão, pacote de dados e potência de transmissão do sinal, podem ser configurados.  A tecnologia de hardware empregada no beacon é o Bluetooth Low Energy (BLE), uma versão do Bluetooth tradicional. Os pontos principais do BLE são o consumo de energia, que pode chegar a apenas um por cento de Bluetooth tradicional, e um esquema de comunicação de auto reconhecimento que dispensa o processo de pareamento. A dimensão física reduzida e o baixo consumo de energia possibilita o desenvolvimento de módulos operando com uma bateria do tipo botão, com durabilidade de até dois anos.

As mensagens são codificadas em um bloco de identificação organizado na forma de grupos e subgrupos, alguns fabricantes enviam informações adicionais como temperatura e estado da bateria.

O recurso de ajustar a potência de transmissão tem impacto no alcance das mensagens transmitidas, podendo variar de alguns centímetros a 70 metros. Com esse recurso, é possível ajustar as mensagens de acordo com o contexto. Por exemplo, numa aplicação para divulgação de produtos, um beacon com mensagens de maior alcance pode indicar a proximidade de uma loja, ao entrar na loja, mensagens de curto alcance podem sugerir produtos à medida que o usuário se aproxima dos mesmos.

A independência de plataforma permite que fabricantes criem seus protocolos e aplicações. Atualmente, os protocolos dos fabricantes Apple, com o iBeacon [2], e Google, com o Eddystone [3], são os de destaque, e competem para que sejam adotados como padrão.

Para exemplificar uma aplicação, vamos considerar uma parada de ônibus com um beacon enviando uma mensagem com a identificação do ponto. Um usuário, que se aproxima, vai receber a mensagem e pode optar por acessar uma página ou aplicativo contendo informações sobre as rotas atualizadas e tempo estimado para a chegada do ônibus, inclusive no idioma configurado no smartphone. Como essas informações estão no aplicativo ou na nuvem podem ser atualizadas e alteradas sem que seja necessário alterar ou configurar o beacon.

Existem várias questões a serem resolvidas, como segurança, mecanismos com critérios para selecionar recebimento de notificações, evitando que o usuário seja inundado por informações a medida que mais beacons sejam disponibilizados.

As tecnologias para desenvolver sistemas baseados em beacons estão todas disponíveis, com um custo financeiro relativamente baixo. Esse é o momento de combinar criatividade e conhecimento técnico para desenvolver produtos e serviços que podem gerar impacto positivo na sociedade.

[1] Crédito da imagem: skimejon0717 (Pixabay) / Creative Commons CC0. URL: https://pixabay.com/en/sunset-water-lighthouse-sky-213546/.

[2] Apple. iBeacon. URL: https://developer.apple.com/ibeacon/.

[3] Google. Eddystone. URL: https://developers.google.com/beacons/.

Como citar este artigo: Marco Túlio Chella. Beacons e a Internet de quase tudo. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/08/beacons-e-a-internet-de-quase-tudo/. Publicado em 19 de agosto (2016).

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