Marco Túlio Chella
18/08/2017

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Quando se pensa a IoT (Internet of Things) no contexto de uso no ambiente de trabalho e na residência, talvez a maior aplicação seja em conectar dispositivos tradicionais à rede Internet para que possamos controlar a distância, ou sem precisar acionar fisicamente, o dispositivo.  Por exemplo, uma luminária conectada à Internet pode ter sua função básica de ligar e desligar ativada sem que seja preciso estar próximo do dispositivo e com o toque dos dedos acionar um interruptor.

Esse tipo de automação é um grande atrativo para a maioria das pessoas ao oferecer conforto e facilidade de acesso e controle dos dispositivos. Fato reforçado pelas várias iniciativas das instituições de pesquisa, indústrias que mostram como a vida pode ficar melhor se a temperatura e a iluminação da residência estiverem sempre de acordo com o que o morador escolheu, se o café estiver pronto ao levantar da cama, e inúmeras outras facilidades.

Se a maioria das pessoas considera interessante morar ou trabalhar em um ambiente no qual ações básicas como ligar a iluminação de um ambiente quando o nível de luz estiver abaixo de um certo limite, não é difícil de imaginar o ganho em qualidade vida e, muitas vezes, a garantia de autonomia para pessoas que por várias situações apresentam limitações quanto a sua mobilidade; e nesse caso estamos falando de uma parcela significativa da população. Segundo dados do IBGE [2], o Brasil possui 46 milhões de pessoas com alguma deficiência, o que corresponde a quase 24% da população, e outras 21 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos; parcela da população que muitas vezes, necessita das mesmas estruturas de acessibilidade voltadas para as pessoas com deficiência.

Nossas casas não foram pensadas e projetadas para que interações mais básicas como acionar um interruptor possam ser realizadas, por exemplo, por um cadeirante, no geral a altura pode não ser adequada ou estar em posição inacessível.

Uma tecnologia com grande avanço nos anos recentes é o reconhecimento de voz, que integrada a sistemas que conectam dispositivos pode se tornar uma interface para interação e controle de dispositivos.

Empresas como Google, Amazon e Apple, combinando o acesso a amostras de voz, geradas por usuários, à grande capacidade computacional, desenvolveram sistemas para reconhecimento de voz bastante robustos; recursos esses utilizados no desenvolvimento de produtos e serviços. A Amazon desenvolveu o Alexa [3], um equipamento com microfones e alto falante que captura a voz do usuário, envia para os seus servidores e retorna o resultado do reconhecimento, que pode ser utilizado se conectado a sistemas de automação para controlar equipamentos de uma casa, como luzes e eletrodomésticos. Com funcionalidades semelhantes, temos o Google Home [4] e o Homekit da Apple [5].

Contudo a interação por voz não atende as pessoas não falantes que associam limitações motoras, nesses casos, dispositivos para interação com detectores específicos como  movimento dos olhos, da cabeça, entre outros, podem ser utilizados para acionamento.

Muito da tecnologia necessária à construção de sistemas que atendam as necessidades de indivíduos com vários níveis de limitação motora já está disponível, cabe à indústria e à academia contribuir com pesquisas e produtos que atendam essa parcela significativa da população.

[1] Crédito da imagem: Raúl Ruano Ruiz (Wikimedia Commons) / Creative Commons (CC BY-SA 3.0). URL: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Buzon.png.

[2] IBGE. Vamos conhecer o Brasil: Características da população.  URL: http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/caracteristicas-da-populacao.html. Acesso: 18 de Agosto (2017).

[3] Echo & Alexa Devices. URL: https://www.amazon.com/Amazon-Echo-And-Alexa-Devices/b/ref=sv_devicesubnav_0?ie=UTF8&node=9818047011. Acesso: 18 de Agosto (2017).

[4] Google Home. URL: https://madeby.google.com/home/. Acesso: 18 de Agosto (2017).

[5] Apple HomeKit. URL: https://www.apple.com/br/ios/home/. Acesso: 18 de Agosto (2017).

Como citar este artigo: Marco Túlio Chella. Automação para quem precisa. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2017/08/automacao-para-quem-precisa/. Publicado em 18 de agosto (2017).

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