Portal de Periódicos da CAPES
19/02/2019

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Artigo recém-publicado pelo Nature Communications, apresenta pesquisa indicando a tendência de que a cor dos oceanos mudará até o final do século devido ao aquecimento global. Intitulado Ocean colour signature of climate change, o estudo sugere que as regiões azuis, como os subtrópicos, se tornarão ainda mais azuis, refletindo menos fitoplâncton – e a vida em geral – nessas águas. Algumas regiões que são mais verdes hoje, como as próximas aos pólos, podem ficar ainda mais verdes, uma vez que as temperaturas mais quentes aumentam as florações de um fitoplâncton mais diversificado. Os autores observaram como as medições por satélite da luz refletida poderiam ser usadas para prever o efeito da mudança climática no fitoplâncton.

Usando um modelo de física oceânica, biogeoquímica e ecossistema ajustado para incorporar medições de luz refletida, os cientistas modelaram um aumento de temperatura global de 3 graus Celsius até 2100 para prever o impacto sobre o fitoplâncton. O modelo previu que 50% dos oceanos do mundo mudariam de cor, com regiões subtropicais tornando-se mais azuis (e desprovidas de fitoplâncton), enquanto as regiões polares ficarão mais verdes na medida em que as águas mais quentes se tornarem mais hospitaleiras para o fitoplâncton.

Estas algas marinhas microscópicas são sensíveis a mudanças na temperatura do oceano e salinidade. A aparência da cor no oceano é afetada pelo que está dentro ou não da água. As moléculas de água do oceano absorvem todas as partes da luz, exceto o azul, que é refletido de volta. Quando há alta densidade de fitoplâncton na camada iluminada pelo sol, mais luz verde é refletida de volta, dando à água uma tonalidade verde-escura.

Modelo atual (Nature Communications)

“O modelo sugere que as mudanças não parecerão imensas a olho nu; o oceano ainda parecerá azul em regiões subtropicais e verde perto do equador e dos pólos. Esse padrão básico ainda estará lá, mas será diferente o suficiente para afetar o resto da rede alimentar que o fitoplâncton sustenta”, disse a autora principal do artigo, Stephanie Dutkiewicz, em entrevista ao MIT News.

Modelo proposto (Nature Communications)

Segundo o estudo, as alterações climáticas já estão mudando a composição do fitoplâncton e, por extensão, a cor dos oceanos. No final do século 21, nosso “planeta azul” pode parecer visivelmente alterado. “Haverá uma diferença notável na cor de 50% do oceano. Isso pode ser potencialmente sério. Diferentes tipos de fitoplâncton absorvem a luz diferentemente e se a mudança climática mudar uma comunidade de fitoplâncton para outra, isso também mudará os tipos de teias alimentares que eles podem suportar”, analisou Dutkiewicz. [2]

[1] Crédito da imagem: Julius_Silver, Pixabay License,
https://pixabay.com/en/polynesia-french-polynesia-tahiti-3021072/.

[2] Esta notícia científica foi escrita por Alice Oliveira dos Santos.

Como citar esta notícia científica: Portal de Periódicos da CAPES. Metade dos oceanos mudará de cor até o final do século 21. Texto de Alice Oliveira dos Santos. Saense. http://www.saense.com.br/2019/02/metade-dos-oceanos-mudara-de-cor-ate-o-final-do-seculo-21/. Publicado em 19 de fevereiro (2019).

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