UFMG
26/02/2020
O estudante de Design da UFMG Igor Caramaschi ajudou a grife Remexe, do Centro Cultural Lá da Favelinha, do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, a desenvolver animações e marcadores em realidade aumentada para o projeto Garota Hacker, por meio da plataforma Jandig.app. Igor criou animações que, por meio de marcadores físicos criados pela plataforma, foram usados em uma coleção de roupas apresentada na Inglaterra pela Remexe no fim de 2019.
A oportunidade de participar do projeto foi apresentada pela coordenação do seu curso na Universidade. Após ser um dos escolhidos para trabalhar na criação de marcadores (desenhos usados pelo aplicativo), Igor recebeu orientações do criador do Jandig. Na sequência, ele desenvolveu animações curtas de, no máximo, 15 segundos. A partir daí, as imagens das roupas são exibidas no aplicativo na forma das animações.
Com base nos temas corrupção e abuso de poder da polícia – propostos pela comunidade do Aglomerado da Serra –, Igor criou o personagem Aglomerado Man, inspirado na estética dos quadrinhos e que foge de padrões estereotipados. Aglomerado Man é negro, gordo e homossexual. “É um super-herói da comunidade”, define o estudante, ressaltando que sua preocupação foi criar um personagem que representasse melhor aquela população.
Um dos desafios enfrentados por Igor Caramaschi foi compreender o funcionamento do aplicativo e a maneira de se produzir arte para o software. “Outra dificuldade foi desenvolver um trabalho artístico para pessoas que eu nunca tinha visto antes. Por isso, foi muito importante receber um briefing”, revela ele, referindo-se ao conjunto de informações passadas em uma reunião para o desenvolvimento de um trabalho ou documento.
Dois outros artistas também se envolveram na criação das animações: Lúcio Rocha, de Belo Horizonte, e Adriana Pedrosa, de São Paulo.
Desfiles
A viagem do Remexe para Bristol, na Inglaterra, realizada no fim de novembro e na primeira quinzena de dezembro, foi viabilizada pelo Conselho Britânico. A coleção, denominada Aglomerado da Serra, foi apresentada em desfiles no Shopping Cabot Circus e contou com os personagens desenvolvidos no Brasil estampando suas roupas. Os marcadores em realidade aumentada ficaram expostos em manequins, no mesmo centro comercial.
Selecionado em edital governamental, o projeto Garota Hacker foi desenvolvido por meio de parceria com o Centro Popular Gargarullho, o Instituto Kairos, o Zuuk Night e o Conselho Britânico.
Arte digital colaborativa
O projeto Jandig trabalha com investigações sobre a intervenção de marcadores para visualização de obras sobre o espaço urbano. É uma iniciativa de arte digital de caráter colaborativo que propõe a criação de Zonas Autônomas Temporárias (TAZes) em cada espaço em que é instalado. Essas TAZes são formadas por marcadores espalhados em um espaço por artistas e pelo público, que assim se torna cocriador daquela experiência. Os usuários interagem com marcadores, utilizando dispositivos móveis que abrem janelas no mundo real para visualizar criações digitais, cedidas por intermédio da licença Creative Commons.
(Samuel Resende)
Como citar esta notícia: UFMG. O herói da comunidade. Texto de Samuel Resende. Saense. https://saense.com.br/2020/02/o-heroi-da-comunidade/. Publicado em 26 de fevereiro (2020).