CCS/CAPES
17/11/2020

Infecção causada pela bactéria Rickettsia typhi foi identificada pela primeira vez na Amazônia Brasileira (Foto: Divulgação)

Uma infecção causada pela bactéria Rickettsia typhi foi identificada pela primeira vez na Amazônia Brasileira. É o que mostra estudo feito por um grupo multidisciplinar de pesquisadores de instituições brasileiras e estrangeiras, com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Antonio Minervino, veterinário, coordenador do Laboratório de Sanidade Animal (Larsana) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), explicou que uma investigação epidemiológica completa foi feita em um paciente com suspeita de febre maculosa, depois deste ter sido picado por um carrapato. Na ocasião não foram encontrados anticorpos para Rickettsias responsáveis por essa doença. Isto levou à realização de exames sorológicos que identificaram a nova infecção por R. typhi, a tifo murino. “Nossa preocupação é que esta doença possa estar acontecendo em maior número, sem a picada do carrapato, o que pode resultar em falhas no diagnóstico”, contou o professor.

A tifo murino é transmitida por picadas e fezes de pulgas e seus sintomas podem incluir febre, calafrios, dores de estômago, no corpo e musculares, perda de apetite, náuseas, vômitos, tosse e erupções cutâneas. Apesar de a maioria dos pacientes se recuperarem completamente, a doença não tratada pode causar graves danos a órgãos como fígado, rins, coração, pulmões e cérebro.

A doença já foi relatada em várias partes do mundo, mas nunca havia sido identificada na Amazônia brasileira. Agora, o grupo espera que ela seja incluída como diagnóstico diferencial em febres inespecíficas, já que exige tratamento com antibiótico específico, não usado com frequência. “Estamos tentando passar informações para que a população receba o tratamento médico mais adequado e tenha a melhor recuperação, sem riscos de lesões permanentes”, afirmou Minervino.

Pesquisa
As análises desse estudo foram realizadas no laboratório do professor Marcelo Labruna, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), maior autoridade brasileira em estudos de carrapatos, em coautoria de Álvaro A. Faccini-Martínez da Asociación Colombiana de Infectología.

As linhas de pesquisa envolvem a captura e coleta de roedores silvestres para obtenção de tecidos e captura de pulgas para testes moleculares. É preciso identificar qual o reservatório silvestre da doença e a espécie de pulga responsável pela transmissão. Agora, serão feitos estudos sorológico em populações humanas nas localidades afastadas, em contato com a floresta e com animais silvestres, para identificar se a doença tem ocorrido em maior número, sem o diagnóstico adequado.

Como citar esta notícia: CCS/CAPES. Tifo murino na Amazônia. Saense. https://saense.com.br/2020/11/tifo-murino-na-amazonia/. Publicado em 17 de novembro (2020).

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