Embrapa
19/02/2022
“Doenças fúngicas do feijão-caupi no estado do Pará” é a publicação recém-lançada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) destinada aos agentes da cadeia produtiva dessa leguminosa no estado. A obra orienta como fazer o manejo integrado das doenças para evitar ou minimizar os danos provocados, utilizando-se várias medidas culturais agregadas.
Editada no formato de circular técnica, a publicação traz também fotos ilustrativas dos sintomas causados por fungos nos plantios, e serve como um guia aos técnicos e produtores paraenses. A obra está disponível no Portal Embrapa (acesse aqui), de forma permanente e gratuita.
Ao apresentar um conteúdo diferenciado que visa minimizar as perdas na lavoura a partir do planejamento do cultivo, a circular técnica sobre as doenças fúngicas do feijão-caupi no Pará acaba se alinhando ao propósito de outros instrumentos de fortalecimento dessa cadeia produtiva, como o zoneamento agrícola de risco climático (ZARC) da cultura para o Pará (o primeiro lançado em 2020), que também requer planejamento da parte dos produtores.
As vantagens do melhoramento genético conquistadas pela pesquisa e embutidas nas plantas cultivadas, como a alta produtividade e a resistência a doenças, costumam ser potencializadas com o bom manejo da cultura. Mas, conforme explicado na publicação, há casos em que o controle e a prevenção são possíveis somente por meio de manejo – situação que por si só já revela a importância e impacto de um trabalho como esse no meio produtivo do Pará, responsável por 30% do feijão-caupi produzido na região Norte (safra de 2019/2020).
Manejo programado
Para os autores da publicação, “o sucesso da cultura do feijão-caupi no estado do Pará está diretamente relacionado ao acompanhamento programado do cultivo”. Segundo eles, as técnicas de caráter preventivo, quando aplicadas no tempo certo e de forma eficiente, podem diminuir as perdas em volume e qualidade de produção decorrentes de condições de cultivo inadequadas.
“Nesse trabalho reunimos informações que permitem reconhecer facilmente os sintomas no campo e agilizam as decisões sobre medidas a serem adotadas contra a mela, a podridão cinzenta do caule, a mancha-café, a cercosporiose e a podridão de esclerócio, que são as doenças que causam perdas expressivas na cultura”, exemplifica Ruth Linda Benchimol, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e autora da publicação.
Há outras doenças de menor importância econômica, como carvão, mancha-alvo, oídio ou cinza e podridão das vagens, mas que também precisam ser manejadas, complementa a autora. Os resultados da pesquisa enfatizam a importância do manejo integrado das doenças, com adoção de várias práticas em conjunto, como é o caso da mela, cujo controle com medidas isoladas, de acordo com os estudos, não tem se mostrado eficaz.
A obra “Doenças fúngicas do feijão-caupi no estado do Pará” (clique sobre o título para acesso ao repositório Infoteca-e), resulta de uma pesquisa realizada no período que compreende os anos de 2011 a 2019, em campos do Marajó, Belém e Nordeste Paraense, este um tradicional polo de produção do grão no Pará.
Antes da recém-lançada circular técnica sobre doenças fúngicas, a Embrapa Amazônia Oriental abordou a temática do feijão-caupi no boletim de pesquisa e desenvolvimento intitulado “Avaliação da produtividade de cultivares de feijão-caupi para cultivo no estado do Pará“, que pode ser acessado diretamente clicando-se no título. O próximo boletim, prestes a ser publicado, virá em inglês, “Phosphorus and zinc fertilization for cowpea in Amazonia”, sobre fertilização de feijão-caupi com fósforo e zinco em condições amazônicas.
São coautores de “Doenças fúngicas do feijão-caupi no estado do Pará”, ao lado de Ruth Linda Benchimol, os pesquisadores Francisco Rodrigues Freire Filho, Rui Alberto Gomes Júnior e João Elias Lopes Fernandes Rodrigues, da Embrapa Amazônia Oriental; Carina Melo da Silva, professora na Universidade Federal Rural da Amazônia; Renata Sena Cardoso, engenheira florestal, ex-bolsista PIBIC; e Raquel Giselli Assis do Rosário, graduanda de Agronomia na Universidade Federal Rural da Amazônia.
Feijão da colônia
O feijão-caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp.], originário da África, é alimento de interesse econômico e social no Norte e Nordeste do país, com cultivos mecanizados em franca expansão no Centro-Oeste. Apreciado no Brasil desde a segunda metade do século XVI, rico em proteínas, aminoácidos essenciais, carboidratos, vitaminas, minerais e fibras, com ele se faz baião-de-dois, acarajé, saladas e outros pratos regionais.
Nos Estados Unidos é chamado de cowpea (pronuncia-se caupi), planta comum em jardins residenciais e símbolo de prosperidade. Tem também o tipo denominado black-eyed peas – aquele com o ponto preto no grão parecendo um olho. Já no Brasil os nomes populares do feijão-caupi são muitos, como feijão de corda e feijão macassar, dependendo da região de plantio. Os paraenses o conhecem por feijão da colônia.
Tradição de pesquisa
A Embrapa Amazônia Oriental tem tradição de pesquisa com feijão-caupi desde o início da década de 1960, quando a instituição ainda se chamava Instituto Agronômico do Norte (IAN). A publicação mais antiga que se pode encontrar no Portal Embrapa (internet) especificamente sobre feijão-caupi data de 1962, intitulada “Feijão cow-pea”: primeiros resultados experimentais no IAN. É de autoria de Natalina Tuma da Ponte, engenheira-agrônoma do IAN pioneira nos experimentos com essa cultura na Amazônia. Uma das das novas cultivares a serem lançadas em 2022 terá o nome da pioneira, BRS Natalina. [2]
[1] Foto: Ronaldo Rosa
[2] Texto de Izabel Drulla Brandão
Como citar este texto: Embrapa. Manejo integrado combate doenças do feijão-caupi com eficiência. Texto de Izabel Drulla Brandão. Saense. https://saense.com.br/2022/02/manejo-integrado-combate-doencas-do-feijao-caupi-com-eficiencia/. Publicado em 19 de fevereiro (2022).