Jornal da USP
07/10/2022

Estudos que receberam o Nobel de Física 2022 podem ajudar no desenvolvimento de supercomputadores quânticos
Alain Aspect, John Clauser e Anton Zeilinger – Fotos: Ecole Polytechnique Université Paris-Saclay, Peter Lyons e Jaqueline Godany/Wikimedia Commons

Os pesquisadores Alain Aspect, John Clauser e Anton Zeilinger são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física 2022. Os três cientistas receberam o prêmio devido aos seus experimentos inovadores envolvendo o emaranhamento quântico, em que duas partículas se comportam como uma única unidade mesmo quando estão separadas. Segundo Anders Irbäck, presidente do Comitê Nobel de Física, “tornou-se claro que um novo tipo de tecnologia quântica está emergindo. Nós podemos ver que o trabalho dos laureados com estados emaranhados é de grande importância, até mesmo além das questões fundamentais sobre a interpretação da mecânica quântica”, disse, em comunicado da Academia Real das Ciências da Suécia.

Por muito tempo, a dúvida era se a correlação ocorria porque as partículas emaranhadas continham variáveis escondidas. Na década de 1960, o físico John Stewart Bell desenvolveu o teorema que leva seu nome. Ele determina que caso haja variáveis escondidas, a correlação entre os resultados de um longo número de medidas nunca excederá um determinado valor. No entanto, a mecânica quântica prevê que um certo tipo de experimento violará o teorema de Bell, portanto, resultando em uma correção mais forte do que seria possível de outra forma.

John Clauser desenvolveu um experimento prático a partir das ideias de John Bell e concluiu que a mecânica quântica não pode ser substituída por uma teoria que usa variáveis escondidas, enquanto Alain Aspect foi capaz de trocar as configurações de medida após um par de partículas emaranhadas ter saído da fonte, para que as configurações do momento em que elas foram emitidas não afetassem o resultado. Já o grupo de pesquisa de Anton Zeilinger demonstrou um fenômeno chamado de teleporte quântico, que possibilita mover um estado quântico de uma partícula para outra em uma certa distância. Os trabalhos fazem parte de uma nova leva de avanços nos estudos da área, que pode proporcionar o desenvolvimento de supercomputadores quânticos, com uma capacidade de cálculo capaz de resolver problemas que atualmente são impossíveis de serem solucionados. [1]

[1] Texto de Pedro Ferreira.

Como citar este texto: Jornal da USP. Estudos que receberam o Nobel de Física 2022 podem ajudar no desenvolvimento de supercomputadores quânticos. Texto de Pedro Ferreira. Saense. https://saense.com.br/2022/10/estudos-que-receberam-o-nobel-de-fisica-2022-podem-ajudar-no-desenvolvimento-de-supercomputadores-quanticos/. Publicado em 07 de outubro (2022).

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