Embrapa
16/11/2021
A utilização de resíduos como fertilizantes, sejam de origem agropecuária, urbana ou industrial, tem papel relevante a ser cumprido no cenário agrícola brasileiro. A importância da agricultura no PIB nacional, somada à dependência do Brasil por fertilizantes importados, resulta em preocupação, tanto em relação aos preços dos insumos como à sua disponibilização para o país. A viabilização de fontes alternativas é uma estratégia com potencial de minimizar o problema. Por exemplo, estima-se que resíduos gerados pela produção animal contenham aproximadamente 30% do total de nitrogênio, 20% do fósforo e 10 % do potássio utilizados anualmente na agricultura nacional.
O potencial de resíduos promoverem melhorias em atributos químicos, físicos e biológicos do solo é um importante estímulo ao seu uso como fertilizantes. Essa prática se torna ainda mais atrativa quando são considerados aspectos ambientais relevantes nos mercados agrícolas. O uso de resíduos como fertilizantes atende aos requisitos da economia circular, economia verde, resíduo zero, entre outras.
A questão das mudanças climáticas é outro aspecto a ser considerado, uma vez que balanços de carbono se tornam mais favoráveis com o uso de resíduos como fonte de nutrientes. Vale ressaltar que, diferentemente de fertilizantes minerais, os resíduos apresentam emissão zero de carbono no que se refere à sua geração.
As emissões do processo produtivo são associadas apenas ao produto principal, mesmo que o resíduo venha a ser usado como insumo. Adiciona-se, ainda, o fato de que resíduos orgânicos geralmente representam aumento no acúmulo de carbono no solo, mitigando as emissões de gases de efeito estufa.
As vantagens sob o ponto de vista agronômico e ambiental do aproveitamento de resíduos como fertilizantes são inquestionáveis. A Embrapa tem desenvolvido estudos com foco na viabilização do uso desses subprodutos, contribuindo para a consolidação da cadeia produtiva de fertilizantes produzidos a partir de resíduos.
O levantamento de informações sobre os tipos, quantidades e aptidão agrícola e ambiental dos resíduos produzidos é essencial para subsidiar planos de negócios e a elaboração de políticas públicas. A Embrapa Agropecuária Oeste tem trabalhado com o levantamento e disponibilização dessas informações de forma regionalizada, estimulando o aproveitamento dos resíduos em Mato Grosso do Sul.
Estudos para avaliar a viabilidade do uso de resíduos como fonte de nutrientes e para subsidiar recomendações de uso consistem em uma avaliação cuidadosa visando garantir benefícios agrícolas e averiguar se existem riscos ambientais ao aplicar estes subprodutos em solos agrícolas.
Após confirmada a viabilidade de uso, são realizados estudos no campo para determinação da disponibilidade de nutrientes para as plantas e determinação do melhor manejo. Um outro aspecto a ser avaliado é a viabilidade econômica do uso de resíduos, pois, como eles não possuem grande concentração de nutrientes, o custo do transporte pode inviabilizar o seu uso em locais distantes.
A Embrapa Agropecuária Oeste pesquisa há 46 anos a viabilidade de uso e o manejo de diferentes resíduos, como cama de aviários, resíduos de frigoríficos, entre outros. Destaca-se importante publicação contendo a caracterização resíduos orgânicos de atividades agropecuárias da região Centro-Oeste do país. Confira no conteúdo relacionado.
Novas linhas de aproveitamento de resíduos estão se destacando nos últimos anos, nas quais resíduos orgânicos, como cama de frango, podem ser utilizados na composição de fertilizantes organominerais. Essas são alternativas interessantes, pois diminuem os custos de transporte e de aplicação no campo. [2]
[1] Foto: Walder Nunes.
[2] Texto de Adriana M. M. Pires e Walder A. G. de A. Nunes (Pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste).
Como citar este artigo: Embrapa. Uso de resíduos como fertilizantes contribuem com a sustentabilidade. Texto de Adriana M. M. Pires e Walder A. G. de A. Nunes. Saense. https://saense.com.br/2021/11/uso-de-residuos-como-fertilizantes-contribuem-com-a-sustentabilidade/. Publicado em 16 de novembro (2021).