Claudio Macedo
17/11/2015
Elwood e Adms, pesquisadores do Reino Unido [2], descobriram que a aplicação de choques elétricos em caranguejos faz com que eles apresentem respostas fisiológicas compatíveis com as previstas para a sensação de dor [3].
Os pesquisadores estudaram dois grupos de caranguejos com comportamentos semelhantes na questão do vigor e da mobilidade. Em um dos grupos eles aplicaram choques elétricos breves. O outro grupo foi usado como de controle. O resultado da experiência foi que os caranguejos submetidos a choques apresentaram elevação do nível de lactato e desenvolveram aversão aos locais associados ao choque elétrico, ao contrário dos caranguejos de controle. Isso indica que os caranguejos atendem aos critérios estabelecidos para os animais que experimentam a dor.
Normalmente, apenas os vertebrados são protegidos em investigações científicas. Os invertebrados são considerados como não capazes de sentir dor e, portanto, não recebem nenhuma proteção. Essa pesquisa, por exemplo, não precisou de nenhuma licença de conselho de ética, porque os crustáceos são excluídos dos regulamentos para procedimentos científicos no Reino Unido [3].
O resultado dessa investigação científica deve contribuir para mudar a situação dos regulamentos de pesquisa e, também, os procedimentos adotados em alguns restaurantes, que colocam para cozinhar em água fervendo os caranguejos ainda vivos.
[1] Crédito da imagem: KoillokDoido / Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0). URL: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Caranguejo1.jpg.
[2] Instituição dos pesquisadores: Queen’s University (UK).
[3] RW Elwood and L Adams. Electric shock causes physiological stress responses in shore crabs, consistente with prediction of pain. Biology Letters 11, 20150800 (2015).
Como citar este artigo: Claudio Macedo. Caranguejos sentem dor? Saense. http://www.saense.com.br/2015/11/caranguejos-sentem-dor/. Publicado em 17 de novembro (2015).
Essa pesquisa é muito interessante. A fim de ratificar isso, observando caranguejos que são cozidos vivos em panelas, observa-se que os mesmos se contorcem até o ponto de soltar as pernas, ao contrário dos que são sacrificados antes do cozimento.
Marcelo,
Obrigado pelo comentário. Muito bom. Abs.
Exatamente, Marcos. Havia alguma dúvida de que carangueijo não sentia dor? Ou a tentativa de fuga das panelas era entendida como efeito de claustrofobia: Aí eu me pergunto: será que os britânicos que fizeram a pesquisa pensaram em separar dois grupos de carangueijos, colocando um em uma panela com água fria e outro em uma panela de água quente, verificando qual é o caso em que os carangueijos ficaram mais desesperados? Poderiam até media a agitação, arrumar uma abordagem bacana, fazendo um link com temperatura de agitação dos carangueijos, e tal. Inclusive eu acho que teriam poupado tempo de pesquisa e dinheiro e teriam chegado a uma conclusão tão… tão tão… tão… tãaaaaaao interessante em somente alguns minutos de pesquisa… Acho que o CNPq em especial nesse período de vacas mortas iria adorar o projeto com a visão brasileira da água quente e iria recusar o projeto com choque e medida do nível de lactato.
Jhon,
Obrigado pelo comentário.
A medida do nível de lactato é necessária por fazer parte dos critérios estabelecidos para definir dor em animais.