Claudio Macedo
19/04/2016

Desigualdade social. [1]
Desigualdade social. [1]
A relação entre renda e expectativa de vida nos EUA foi exaustivamente analisada por pesquisadores norte-americanos [2]. Eles consideraram dados de 1,4 bilhões de declarações de imposto de renda e os registros nacionais de óbitos do período entre 1999 e 2014. A amostra considerou pessoas com idade entre 40 e 76 anos.

No período do estudo, as taxas de mortalidade foram de 596,3 por 100 mil entre os homens e de 375,1 por 100 mil entre as mulheres.

Foi observada uma consistente associação entre maior renda e maior longevidade. A diferença na expectativa de vida entre os indivíduos que fazem parte do grupo dos 1% mais ricos e dos 1% mais pobres foi de 14,6 anos para os homens e 10,1 anos para as mulheres. Também foi constatado que a desigualdade na expectativa de vida aumentou ao longo do período estudado. Entre 2001 e 2014, a expectativa de vida de vida aumentou 2,34 anos para os homens e 2,91 anos para as mulheres que estão no grupo dos 5% mais ricos, e por apenas 0,32 anos para os homens e 0,04 anos para as mulheres do grupo dos 5% mais pobres.

Duas coisas inquietantes surgem desse trabalho. A primeira, é a confirmação quantitativa de um fato (expectativa de vida maior dos ricos) que tínhamos consciência de forma intuitiva. A segunda, é o paradoxo de constatar que a previdência social que deveria ter caráter redistributivo paga benefícios aos ricos por 10 anos a mais do que aos mais pobres. [3]

[1] Crédito da imagem: AHLN (Flickr) / Creative Commons. URL: https://www.flickr.com/photos/anijdam/2361799355.

[2] R Chetty et al. The Association Between Income and Life Expectancy in the United States, 2001-2014. JAMA 315, 1750 (2016).

[3] Artigo relacionado: O efeito da desigualdade econômica na generosidade humana.

Como citar este artigo: Claudio Macedo. Rico vive mais. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/04/rico-vive-mais/. Publicado em 19 de abril (2016).

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