Ana Maia
16/05/2016
A Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) é uma técnica de imagem amplamente utilizada para detecção da doença de Alzheimer (DA). Os radiofármacos utilizados nas imagens de PET para diagnóstico da DA permitem a visualização da concentração das placas de proteína beta-amiloide. Embora a proteína beta-amiloide seja o indicador mais utilizado para diagnóstico da DA [2], muitos estudos já apontam para a importância da monitoração também da proteína tau [3].
Até recentemente, não havia agentes para imagens da proteína tau por PET. A determinação desta proteína em pacientes com DA era feita apenas por quantificação no líquido cefalorraquidiano, que é uma técnica limitada, pois não permite identificação espacial da concentração desta proteína, dificultando a distinção entre diferentes doenças neurodegenerativas.
A boa notícia é que alguns agentes de imagem para a proteína tau foram desenvolvidos recentemente e estudos clínicos em humanos passaram a ser possíveis [4]. Uma pesquisa recente testou o agente de imagem denominado T807 em 46 indivíduos, sendo 36 com capacidade cognitiva normal e 10 diagnosticados com DA em estágio inicial [5].
Os níveis de comprometimento cognitivo foram avaliados por testes convencionais de Clinical Dementia Rating (CDR), além disso, foram feitas imagens de PET para monitoração da proteína beta-amiloide.
A conclusão do estudo é que a proteína tau é melhor indicador do desempenho cognitivo do que a proteína beta-amiloide. O aumento da concentração desta última proteína ocorre antes mesmo do comprometimento cognitivo, o que a torna um bom indicador para detecção precoce da DA. Contudo, o aumento da concentração da proteína tau ocorre posteriormente, quando surgem os sinais de perda cognitiva.
Com o avanço das terapias para DA, um monitoramento preciso do progresso da doença é crucial para a escolha correta do tratamento. Neste campo, técnicas modernas de diagnóstico por imagem têm muito a contribuir.
[1] Crédito da imagem: Jens Maus [Public domain], via Wikimedia Commons. URL: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:PET-image.jpg.
[2] Ana Maia. Freando a doença de Alzheimer com radioterapia. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/02/freando-a-doenca-de-alzheimer-com-radioterapia/. Publicado em 15 de fevereiro (2016).
[3] Matheus Macedo-Lima. Combatentes do “crime” no cérebro viram vilões no mal de Alzheimer. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2015/10/combatentes-do-crime-no-cerebro-viram-viloes-no-mal-de-alzheimer/. Publicado em 14 de outubro (2015).
[4] VL Villemagne et al. Tau imaging: early progress and future directions. The Lancet Neurology 14, 114 (2015).
[5] MR Brier et al. Tau and Aβ imaging, CSF measures, and cognition in Alzheimer’s disease. Science Translational Medicine 8, 338ra66 (2016).
Como citar este artigo: Ana Maia. Nova ferramenta para monitorar a doença de Alzheimer. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/05/nova-ferramenta-para-monitorar-a-doenca-de-alzheimer/. Publicado em 16 de maio (2016).