Claudio Macedo
14/07/2016
Ao longo dos anos, foram desenvolvidos variados métodos para obtenção da energia azul, inclusive, existiu durante quatro anos (2009-2013), uma usina piloto na Noruega para geração de energia elétrica a partir de um desses métodos. Os projetos, até o momento, têm esbarrado na baixa eficiência e consequentemente alto custo de produção da energia osmótica. Isso porque não se conseguiu desenvolver uma membrana eficiente e barata para ser produzida.
Agora, pesquisadores suíços e norte-americanos anunciam ter finalmente obtido uma membrana que atende aos requisitos de eficiência e de baixo custo de produção. Trata-se de uma membrana feita de dissulfeto de molibdênio (MoS2) com espessura e poros em dimensões nanométricas. Isto é, a membrana utilizada no trabalho pode ser considerada bidimensional, pois tem apenas três átomos de espessura.
O sistema utilizado pelos autores consiste de dois compartimentos, um cheio de água do mar e outro de água do rio, separados pela fina membrana de MoS2. Os íons da água do mar passam para a água doce através dos nanoporos até que as concentrações de sal nos líquidos dos dois compartimentos ficam iguais. Graças às suas propriedades, a membrana permite que os íons carregados positivamente passem, enquanto afasta a maioria dos íons de carga negativa. Isso cria uma diferença de potencial elétrico entre os dois líquidos, pois, no processo, um adquire carga positiva e o outro, carga negativa. A diferença de potencial viabiliza a geração da corrente elétrica.
Segundo os pesquisadores, o sistema de produção desenvolvido tem potencial de geração de energia elétrica muito grande. Eles estimam que uma membrana de 1 m2 será capaz de produzir cerca de 1 MW de eletricidade, ou seja, utilizando-se uma membrana com algumas centenas de m2 já se terá a potência de operação de muitas usinas comerciais de geração de energia elétrica atualmente em uso.
Vamos aguardar que os pesquisadores superem o grande desafio que surge nesse tipo de inovação, que é passar do laboratório para uma escala de produção comercialmente viável. Se isso ocorrer, poderemos ter em breve mais uma importante fonte de energia limpa.
[1] Crédito da imagem: Ben Mills – Own work, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2976497.
[2]. J Feng et al. Single-layer MoS2 nanopores as nanopower generators. Nature 10.1038/nature18593 (2016).
[3] Artigos relacionados: Termoelétricas não poluentes, Como reduzir o consumo de combustíveis fósseis e impedir o desastre ambiental?, Impacto do aquecimento global na produção de energia elétrica e Vamos poder limpar a atmosfera?.
Como citar este artigo: Claudio Macedo. Vamos finalmente ter a energia azul? Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/07/vamos-finalmente-ter-a-energia-azul/. Publicado em 14 de julho (2016).