Claudio Macedo
23/02/2017

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Nas reuniões sociais, as pessoas costumam trocar experiências pessoais vivenciadas na forma de narrativas. Todos os participantes dessas reuniões acreditam que é mais interessante quando alguém narra uma experiência absolutamente nova, tipo um lugar que só o narrador foi ou um filme que só o narrador viu. Surpreendentemente, pesquisa de um grupo de psicólogos norte-americanos descobriu que apesar de dizerem o contrário, os ouvintes das narrativas sociais acabam gostando mais de histórias conhecidas do que das histórias novas [2].

No trabalho, os pesquisadores realizaram vários experimentos com diferentes grupos de voluntários, envolvendo um total de cerca de mil pessoas de ambos os sexos. Nos diversos grupos de estudo formados, alguns dos participantes foram escolhidos como narradores e outros como ouvintes. Os narradores e parte dos ouvintes de cada grupo assistiram vídeos com histórias ou eventos interessantes. Nos diversos experimentos, antes que o narrador começasse a falar sobre o vídeo que assistiu os ouvintes previram (a) o quanto gostaria de ouvir a história e (b) o quanto achava que seria interessante ouvi-la. Também, o próprio narrador fazia as mesmas previsões sobre as expectativas de seus ouvintes.

Os resultados das previsões foram que tanto os narradores quanto os ouvintes previram que os ouvintes gostariam de ouvir as histórias novas (ou seja, as histórias sobre experiências que os ouvintes nunca tiveram, isto é, que não tinham visto os vídeos) mais do que as histórias conhecidas (ou seja, histórias sobre experiências que os ouvintes já tinham, isto é, que tinham visto os vídeos). Na verdade, os experimentos mostraram que os ouvintes gostaram de ouvir histórias conhecidas muito mais do que as novas. Isso não aconteceu porque as histórias conhecidas e novas diferiram em seu conteúdo ou narrativa. Em vez disso, aconteceu porque a fala humana está cheia de lacunas informacionais e histórias conhecidas permitem que os ouvintes usem seu próprio conhecimento para preencher essas lacunas.

A conclusão dos autores é que nas reuniões sociais as pessoas acreditam que os narradores podem impressionar e encantar seus ouvintes, dizendo-lhes sobre experiências que os ouvintes nunca tiveram, mas que os ouvintes ficam realmente mais impressionados e satisfeitos quando os narradores lhes contam histórias sobre experiências que os ouvintes já tiveram. As histórias conhecidas dão aos ouvintes uma oportunidade única para comparar suas reações com as reações de outra pessoa e, portanto, aprender algo sobre si mesmos.

[1] Crédito da imagem: geralt (Pixabay) / Creative Commons CC0. URL: https://pixabay.com/en/group-team-feedback-confirming-1825509/.

[2] G Cooney et al. The Novelty Penalty: Why Do People Like Talking About New Experiences but Hearing About Old Ones? Psychological Science 10.1177/0956797616685870 (2017).

Como citar este artigo: Claudio Macedo. Ouvir uma história nova ou uma já conhecida: o que é mais agradável? Saense. URL: http://www.saense.com.br/2017/02/ouvir-uma-historia-nova-ou-uma-ja-conhecida-o-que-e-mais-agradavel/. Publicado em 23 de fevereiro (2017).

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