Claudio Macedo
06/06/2017

[1]
Pesquisadores da área de saúde pública da Inglaterra realizaram um amplo estudo sobre o impacto das habilidades de vida na população com 52 anos ou mais de idade [2]. Eles constataram que cinco habilidades (conscientização, estabilidade emocional, determinação, controle e otimismo) são fortemente associados com sucesso econômico, bem-estar e melhor saúde em adultos mais velhos.

O conceito de habilidades de vida refere-se a um conjunto de características e capacidades pessoais que se acredita ter o poder de aumentar as chances de sucesso e bem-estar na vida. Essas características são frequentemente descritas como “não cognitivas” para distingui-las das habilidades cognitivas e da capacidade intelectual. O termo “habilidade” é usado para destacar a noção de que essas características são maleáveis e não características fixas, embora muitas habilidades de vida sejam parcialmente hereditárias [2]. Existem amplos estudos do assunto entre jovens, além de ser tema de interesse da Organização Mundial da Saúde (OMS) [3], mas pouco estudo sobre o impacto dessas habilidades entre idosos.

No trabalho [2], os autores avaliaram as habilidades de vida, acima citadas, e a correlação delas com renda, bem-estar, depressão, sociabilidade, saúde, doenças crônicas, velocidade de caminhada e biomarcadores de saúde (concentração de colesterol, vitamina D, proteína C-reativa e obesidade) num grupo de 8.119 adultos com média de idade de 66,7 anos. As análises levaram em consideração a idade, o gênero, o contexto socioeconômico da família, o nível de escolaridade e a função cognitiva atual, de modo a estabelecer que as associações entre habilidades de vida e os resultados observados não foram devidas a dotações socioeconômicas ou habilidades cognitivas.

Os resultados da pesquisa foram contundentes no sentido de afirmação do efeito positivo das habilidades de vida nas pessoas idosas. São exemplos: (1) a proporção de participantes que classificaram sua própria saúde como ruim ou regular (em comparação com excelente, muito bom ou bom) foi de 36,7% entre aqueles com baixas habilidades de vida, caindo para 6% em participantes que demonstraram ter quatro ou cinco das habilidades de vida consideradas; (2) 51,7% dos participantes com baixas habilidades de vida desenvolveram uma ou mais doenças crônicas ao longo do período de 4 anos que durou a pesquisa, caindo para 40,4% no grupo com quatro ou cinco habilidades.

Esse trabalho [2], abre grandes possibilidades de se explorar maneiras pelas quais as habilidades de vida podem ser aprimoradas em adultos visando a possível melhoria da saúde, bem-estar e função social nos estágios posteriores da vida. Afinal, a lista de habilidades de vida indicadas pela OMS (autoconhecimento, relacionamento interpessoal, empatia, lidar com os sentimentos, lidar com o estresse, comunicação eficaz, pensamento crítico, pensamento criativo, tomada de decisão e resolução de problemas) são habilidades totalmente possíveis de serem aprimoradas a qualquer tempo. [4]

[1] Crédito da imagem: Connie (Flickr) / Creative Commons (CC BY-SA 2.0). URL: https://www.flickr.com/photos/ironypoisoning/14384433878/.

[2] A Steptoe and J Wardle. Life skills, wealth, health, and wellbeing in later life. PNAS 10.1073/pnas.1616011114 (2017).

[3] EC Minto et al. Ensino de habilidades de vida na escola: uma experiência com adolescentes. Psicologia em Estudo 11, 561 (2006).

[4] Artigos relacionados: Usando redes sociais para viver mais, O tempo que traz felicidade e As quatro características de estilo de vida saudável.

Como citar este artigo: Claudio Macedo. Os benefícios das habilidades de vida em adultos mais velhos. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2017/06/os-beneficios-das-habilidades-de-vida-em-adultos-mais-velhos/. Publicado em 06 de junho (2017).

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