Tábata Bergonci
02/05/2018

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Você sabia que um milhão de garrafas de plástico são compradas por minuto no mundo? De todas as garrafas existentes no planeta, apenas 14% delas são recicladas, acabando que a grande maioria delas termine nos oceanos prejudicando a vida marinha. O problema é tão grave que esse ano o Dia da Terra teve como tema justamente o Fim da Poluição por Plásticos (https://www.earthday.org/). Em todo o mundo, diversos grupos de cientistas trabalham para encontrar soluções para o crescimento da poluição por plástico. Agora, cientistas encontraram uma enzima que consegue degradar plástico em poucos dias.

A história começa com um artigo publicado na revista Science em 2016 [2], quando cientistas japoneses encontram uma bactéria que degradava e assimilava plástico, utilizando polietileno tereftalato (PET, principal componente das garrafas de plástico atuais) como fonte de energia para seu crescimento. A partir daí outros pesquisadores começaram a estudar a bactéria para entender como ela funcionava. Cientistas do Laboratório Nacional de Energia Renovável do Colorado, EUA, em parceria com a Universidade de Portsmouth, do Reino Unido, fizeram a caracterização estrutural de enzimas da bactéria Ideonella sakaiensis [3]. Essas enzimas são chamadas PETases, o que significa que elas têm como substrato PET. A partir das estruturas descobertas, os pesquisadores então produziram, por engenharia genética, novas PETases, com diferentes mutações, e as testaram para degradação de PET. Surpreendentemente, um dos mutantes exibiu uma atividade para degradar PET muito maior do que a enzima encontrada na natureza.

A descoberta de uma bactéria que utiliza PET como fonte de carbono e energia despertou significante interesse para desvendar qual o mecanismo de enzimas que funcionam em substratos tão resistentes, e que parecem estar há séculos na natureza. O novo trabalho sobre as enzimas abre possibilidade para utilização de engenharia genética na reciclagem de plástico por método totalmente biológico.

[1] Crédito da imagem: Richard Black (Flickr) / Creative Commons (CC BY 2.0). https://www.flickr.com/photos/countblackula/8039902182.

[2] S Yoshida et al. A bacterium that degrades and assimilates poly (ethylene terephthalate). Science 10.1126/science.aad6359 (2016).

[3] HP Austin et al. Characterization and engineering of a plastic-degrading aromatic polyesterase. PNAS. 10.1073/pnas.1718804115 (2018).

Como citar este artigo: Tábata Bergonci. Uma enzima que degrada plástico? Sim! Saense. http://www.saense.com.br/2018/05/uma-enzima-que-degrada-plastico-sim/. Publicado em 02 de maio (2018).

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