Marco Túlio Chella
20/07/2018

Robô CIMON. [1]
Os fãs e alguns estudiosos do gênero de ficção científica defendem que as tramas dos livros, filmes e quadrinhos ao proporem um mundo de tecnologias fantásticas são fonte de inspiração e desafio para cientistas e engenheiros.

Quando se trata de ficção científica é quase obrigatório um cenário com naves espaciais e robôs inteligentes.  Por exemplo, o já clássico filme 2001: Uma Odisseia no Espaço escrito por Arthur C. Clarke e Stanley Kubrick, que também dirigiu e produziu, tinha como protagonista o famoso robô HAL, responsável por controlar a missão de uma nave espacial e seus tripulantes.

Na conquista espacial, os robôs projetados por engenheiros e cientistas, têm sido, ao lado dos humanos, protagonistas, já que boa parte das sondas espaciais podem ser classificadas como robôs.  Contudo, robôs que interagem com humanos por meio de fala, expressões e movimentos, não são comuns, mesmo aqui na terra, e desenvolver artefatos desse tipo, com alguma aplicação real, exige competências em áreas como eletrônica, engenharia de materiais, sistemas embarcados e software.

Em 2014, a professora da universidade MIT, Cynthia Breazeal, pesquisadora em robótica social, lançou uma campanha de financiamento coletivo com o objetivo de projetar e desenvolver um robô assistente pessoal para interação no dia a dia com seres humanos [2]. A campanha foi bem-sucedida, captando 3 milhões de dólares. Jibo, esse é o nome do robô, está em desenvolvimento desde então. Algumas pessoas que conheceram o robô não demonstraram grande entusiasmo, talvez indicação das dificuldades, ainda existentes, para projetar um sistema de hardware e software desse tipo.

Em junho de 2018 foi lançada uma espaçonave com destino à estação espacial ISS transportando, além de suprimentos e equipamentos científicos, um tripulante, cuja função é auxiliar o astronauta da Agência Espacial Europeia Alexander Gerst.  Esse tripulante, é CIMON (Crew Interactive Mobile Companion),  um robô desenvolvido pelas empresas IBM [3] e Airbus [4] sob encomenda do Centro Espacial da Alemanha,  o DLR (Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt) [5].

O CIMON utiliza recursos do Watson, plataforma de inteligência artificial da IBM, e irá atuar como assistente do astronauta Gerst em tarefas como experimentos com cristais, condução de experimentos médicos, operando como uma câmera voadora inteligente, e até resolvendo o cubo de Rubick.

A empresa Airbus, conhecida como fabricante de aeronaves comerciais, desenvolveu a estrutura do robô que tem a forma de uma bola. Toda a prototipagem e produção utilizou impressão em 3D. Os testes iniciais utilizaram microgravidade para avaliar e calibrar os sistemas de navegação e controle.

A interação social entre pessoas e máquinas equipadas para reconhecer e lidar com aspectos emocionais pode desempenhar papel fundamental em missões espaciais de longa duração. Aqui, no nosso planeta, poderá ser usado como apoio em ambientes hospitalares, suporte e monitoramento em ambientes residenciais.

Curiosidade: Segundo Arthur C. Clarke o nome HAL é derivado de Heuristically programmed ALgorithmic computer. Tente deslocar cada letra da sigla para a seguinte. Coincidência?

[1] Crédito da Imagem:  Divulgação da Airbus. https://www.airbus.com/newsroom/press-releases/en/2018/02/hello–i-am-cimon-.html.

[2] Jibo. https://www.indiegogo.com/projects/jibo-the-world-s-first-social-robot-for-the-home#/. Acesso em 20 de julho (2018).

[3] IBM. https://www.ibm.com/blogs/think/2018/02/watson-space/. Acesso em 20 de julho (2018).

[4] CIMON. https://www.airbus.com/newsroom/press-releases/en/2018/02/hello–i-am-cimon-.html. Acesso em 20 de julho (2018).

[5] DLR. https://www.dlr.de/dlr/en/desktopdefault.aspx/tabid-10212/332_read-26307/#/gallery/29911. Acesso em 20 de julho (2018).

Como citar este artigo: Marco Túlio Chella. Um robô assistente na estação espacial. Saense. http://saense.com.br/2018/07/um-robo-assistente-na-estacao-espacial/. Publicado em 20 de julho (2018).

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