Marco Túlio Chella
27/12/2018
Redes de sensores, de forma geral, são dispositivos constituídos por sensores e módulo para comunicação que envia dados para uma central. Os sensores dos mais diversos tipos podem capturar grandezas do meio ambiente como temperatura, pressão atmosférica, nível de luminosidade. A maioria dos módulos de comunicação utiliza comunicação sem fio e são especificados com base nos critérios de alcance, taxa de dados transmitidos e consumo de energia.
Esses dispositivos que capturam e transmitem os dados são conhecidos como nós (do inglês nodes) e geralmente são fixos, restringindo a área de coleta de dados.
Em algumas aplicações é desejável que o nó sensor seja móvel, nesses casos o emprego de drones é uma solução comum. Contudo, a operação de um drone é determinada pela capacidade de armazenamento das baterias, limitando a operação em condições normais a no máximo 30 minutos.
Para contornar as limitações dos drones, pesquisadores da University of Washington [2] propõem uma alternativa baseada na combinação de agentes biológicos com as soluções tradicionais. Essa solução, integra nós sensores de dimensão reduzida em abelhas para criar uma plataforma IoT (Internet of Things) móvel.
Baseados em estudo que demonstrou a capacidade das abelhas comuns transportarem em voo uma carga de até 100 mg e na disponibilidade de componentes eletrônicos miniaturizados, os pesquisadores desenvolveram um nó sensor com recursos para coletar dados, executar alguma computação e enviar os dados por meio de um transmissor na faixa de frequência de 915 MHz. A alimentação do circuito eletrônico é feita por uma bateria recarregável miniaturizada, garantindo a operação por até 7 horas. A recarga da bateria é feita por tecnologia sem fio, aproveitando o comportamento das abelhas que após a jornada de coleta retornam para a colônia. Com os carregadores próximos a colônia as baterias são carregadas em até 6 horas.
Essa pesquisa demonstra uma aplicação viável que combina agentes biológicos e dispositivos eletrônicos. Os insetos espalhados e adaptados a todos os ecossistemas do planeta facilita o processo de encontrar espécies adequadas às particularidades ambientais. Componentes eletrônicos miniaturizados e com reduzido consumo de energia são produzidos com baixo custo, permitindo vislumbrar um cenário com milhares ou milhões de insetos coletando dados nos mais diversos ambientes, o que possibilitará, com ferramentas auxiliares, monitorar poluentes, uso de recursos naturais e talvez auxiliar na prevenção de desastres.
[1] Crédito da Imagem: Charles J Sharp (Wikimedia Commons), CC BY-SA 3.0. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Honey_bee_(Apis_mellifera).jpg.
[2] V Iyer et al. Living IoT: A Flying Wireless Platform on Live Insects. In Proceedings of Mobicom. ACM, New York (2019).
Como citar este artigo: Marco Túlio Chella. Abelhas que coletam dados. Saense. http://saense.com.br/2018/12/abelhas-que-coletam-dados/. Publicado em 27 de dezembro (2018).