UnB
06/05/2020

[1]

Daphne Rattner

O caso da assistência ao parto e nascimento durante a pandemia de Covid-19

Em 5 de abril de 2020, o noticiário relata morte de gestante jovem grávida de 31 semanas, em Recife. E, no Rio de Janeiro, de uma mulher de 28 anos, sete dias após o parto. Também no Rio de Janeiro, outra jovem de 29 anos, grávida, internou em estado grave e veio a falecer, após uma cesárea de emergência em que seu bebê prematuro (32 semanas) foi retirado e encaminhado para uma UTI.

O aumento de casos e internações de Covid-19 tem levantado diversas questões para a nossa sociedade, em especial para a organização da atenção em saúde. Uma delas refere-se à assistência às gestantes, que na hora do parto têm poucas opções além de hospitais lotados de pessoas identificadas ou suspeitas com Covid-19. Com essa preocupação em mente, mulheres, doulas, profissionais de saúde, docentes e pesquisadoras elaboraram um documento para orientar ações no campo da atenção ao parto e nascimento. O objetivo é preservar os direitos de mulheres e crianças, reafirmando a necessidade de práticas seguras e baseadas em evidências. Espera-se, assim, evitar que puérperas adoeçam ou mesmo venham a falecer devido ao novo Coronavírus.

Intitulado Recomendações para a assistência ao parto e nascimento em tempos de pandemia de Covid-19: em defesa dos direitos das mulheres e dos bebês, o documento organiza-se em 13 tópicos. São recomendações para a organização da assistência, tendo como ponto de partida problemas já identificados no contexto atual, como restrições à presença de acompanhante de escolha da mulher. O direito a acompanhante no parto é garantido por lei federal desde 2005 no Brasil, mas multiplicam-se notícias sobre estabelecimentos que estão descumprindo essa lei, tendo a epidemia como justificativa.

A partir da literatura científica e de recomendações de organismos como a Organização Mundial da Saúde, o texto traz também sugestões para a superação de situações colocadas pela pandemia, como a superlotação de hospitais gerais, o uso de espaços compartilhados pelas mulheres em trabalho de parto, entre outras.

Entidades e as pessoas que se interessarem pelo documento poderão acessá-lo e subscrever seu conteúdo. A ideia é de angariar apoiadores e lutar por sua implementação, em consideração ao fato de que “o caráter parcial ou transitório do conhecimento científico no contexto da pandemia de Covid-19 não justifica a supressão dos direitos fundamentais de mulheres e bebês”.

Para ler e subscrever clique: “Recomendações para a assistência ao parto e nascimento em tempos de pandemia de Covid-19: em defesa dos direitos das mulheres e dos bebês”. [2]

[1] Imagem de one_life por Pixabay.

[2] Daphne Rattner é graduada em Medicina pela Universidade Estadual de Campinas (1976), mestra em Epidemiologia pela Universidade de São Paulo (1991) e doutora em Epidemiologia pela University of North Carolina (2001). Atualmente é professora adjunta de Epidemiologia, no Departamento de Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências da Saúde, na Universidade de Brasília. É presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento – ReHuNa.

Como citar este artigo: UnB. Pelos direitos e pela saúde de mulheres e suas crianças. Texto de Daphne Rattner. Saense. https://saense.com.br/2020/05/pelos-direitos-e-pela-saude-de-mulheres-e-suas-criancas/. Publicado em 06 de maio (2020).

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