UFPR
13/05/2020
Estudo publicado no último dia 28 na revista científica Science of The Total Environment aponta que cidades com temperaturas próximas a 27 graus Celsius e umidades relativas do ar próximas a 79% tiveram as maiores taxas de transmissão da covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Assinado por cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), o artigo dá novo direcionamento à relação entre clima e disseminação do vírus. Foram avaliadas cinco cidades brasileiras com alta incidência da doença: Manaus, Fortaleza, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
Ainda, ficou evidente que há uma combinação entre a temperatura e a umidade relativa do ar (condicionada pelos eventos de precipitação), denominada de umidade absoluta, que mais favorece a disseminação da doença. O estudo foi realizado pelos pesquisadores da UFPR André Auler, do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, e Vinício Oliveira, da Câmara de Saúde Coletiva do Setor Litoral. Pela UEPG, participaram os professores Fábio Cássaro e Luiz Pires, ambos do Departamento de Física.
Segundo Auler, o estudo buscou identificar o possível aumento na transmissão da doença em função da temperatura, umidade relativa e precipitação pluvial. Os autores destacam a importância de um estudo local, pois a informação até então disponível foi baseada em estudos conduzidos em países mais frios que o Brasil, com temperatura média de aproximadamente três graus Celsius.
Calor
“Com base nesses estudos, o aumento da temperatura, por exemplo, reduziria a transmissão do vírus. Contudo, no Brasil não tem se observado esse comportamento. A exemplo as cidades das regiões Norte e Nordeste, locais com maiores taxas de incidência e mortalidade”, enfatiza o estudo. Os autores ainda destacam que, em função destes estudos, pode existir a falsa impressão de que a doença não seria um problema tão grave no território nacional.
Com isso, segundo Vinício Oliveira, são necessárias políticas e ações intersetoriais capazes de mitigar os efeitos da pandemia, principalmente em cidades onde a taxa de contaminação está aumentando rapidamente, com o objetivo de reduzir a transmissão e o possível colapso do sistema de saúde. Devem ser adotadas medidas de prevenção e proteção nessas cidades, sendo o isolamento social a medida mais eficaz.
Os pesquisadores pretendem continuar o estudo. “Faremos o mapeamento não apenas com variáveis meteorológicas, mas também com variáveis socioeconômicas, indicadores de qualidade de vida, taxas de isolamento social, informações sobre saneamento básico, entre outras”, afirmou Oliveira.
Acesse o estudo “Evidence that high temperatures and intermediate relative humidity might favor the spread of COVID-19 in tropical climate: a case study for the most affected Brazilian cities” na íntegra neste link. [1]
[1] Texto de Aline Gonçalves/Secom-Litoral.
Como citar esta notícia: UFPR. Pesquisa relaciona clima e disseminação do coronavírus em cinco capitais brasileiras. Texto de Aline Gonçalves. Saense. https://saense.com.br/2020/05/pesquisa-relaciona-clima-e-disseminacao-do-coronavirus-em-cinco-capitais-brasileiras/. Publicado em 13 de maio (2020).