Embrapa
18/06/2020

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Alguém já disse que não herdamos o solo de nossos pais, mas o tomamos emprestado de nossos filhos. E isso põe ênfase no cuidado que temos de ter com relação à saúde e conservação do solo, se queremos que ele tenha uma vida longa e produtiva. Por isso, a saúde do solo é um dos pilares da agricultura e tem sido objeto de estudo em todas as instituições de pesquisa e desenvolvimento agropecuário, como a Embrapa. Quando falamos de saúde do solo, estamos nos referindo à sua capacidade de produzir plantas saudáveis e que expressem todo o seu potencial genético, ou seja, plantas produtivas e livres de doenças.

Existem diversas estratégias que podem ser usadas para favorecer a saúde do solo, umas mais simples e pontuais, que atuam em um ou poucos indicadores dessa saúde e são, normalmente, de curta duração. E existem estratégias mais complexas, abrangentes e de longa duração, que produzem efeitos sobre o solo como um todo e seus resultados podem ser observados através de muitos indicadores. Exemplos de estratégias simples e pontuais são o uso esporádico de adubo verde e a descompactação do solo por processos mecânicos.

Entre as estratégias complexas (e mais eficazes!) de conservação e incremento da saúde do solo estão aquelas que promovem a diversificação do seu uso, como a integração lavoura-pecuária (sistemas de produção agropastoril e agrossilvipastoril). Exemplo típico desse sistema de produção é a alternância entre lavouras de grãos e pastejo em aleias (alamedas circundadas de árvores).

Nesse modelo existem uma ou mais espécies perenes (florestais), pastejo animal sobre a área (que pode ser anual ou bienal, por exemplo) e lavouras de grãos, que devem obedecer aos princípios do sistema de plantio direto (rotação de culturas, formação de palhada e menor revolvimento possível do solo).

Hoje já dispomos de resultados científicos suficientes para afirmar que a integração lavoura-pecuária contribui em muito para a conservação e incremento da saúde do solo, especialmente quando uma ou mais espécies florestais são inseridas no sistema de produção. Essa conservação da saúde do solo se dá através de diversos mecanismos, como o aumento da matéria orgânica e da atividade biológica no solo, e o aumento da resiliência e supressividade do solo a patógenos.

Alguns exemplos, de como a diversificação de uso contribui para a saúde do solo, são a redução da sobrevivência de escleródios de mofo-branco e a indução da supressividade do solo ao tombamento de plantas causado por fungos. Esses resultados estão relacionados com o aumento da atividade microbiana e redução da temperatura do solo, que foram promovidos pela integração entre componentes vegetais (lavoura e árvores) e animais (pastejo bovino) no sistema de produção.

Se nos lembrarmos de que a maior parte das doenças de plantas é causada por microrganismos em estado de desequilíbrio (população excessivamente aumentada) no ambiente, será mais fácil compreendermos que o aumento da biodiversidade no solo o tornará menos suscetível a doenças. E a biodiversidade é incrementada pelo aumento da diversidade de espécies (vegetais e animais) no sistema de produção, seja essa diversidade concomitante (consórcio), sequencial (rotações e sucessões) ou ambas. Portanto, a integração é a chave, pois diversifica o uso e incrementa a saúde do solo. [2]

[1] Foto: Gabriel Rezende Faria.

[2] Texto de Alexandre D. Roese, Analista de apoio à pesquisa da Embrapa Agropecuária Oeste.

Como citar este artigo: Embrapa. A diversificação de uso e a saúde do solo.  Texto de Alexandre D. Roese. Saense. https://saense.com.br/2020/06/a-diversificacao-de-uso-e-a-saude-do-solo/. Publicado em 18 de junho (2020).

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