Claudio Macedo
22/11/2020

Reitoria da UFS (Foto de W.SE, Wikimedia Commons, CC BY 3.0)

Fiquei muito feliz com a notícia de que a Universidade Federal de Sergipe (UFS) conseguiu obter uma posição de destaque entre as universidades brasileiras no ranking divulgado recentemente pela Times Higher Education [1]. A UFS foi listada em um muito honroso 7º lugar entre as 52 universidades brasileiras que foram incluídas no ranking.

Fui professor da UFS por 40 anos [3] e participei da gestão superior em dois momentos marcantes: os reitorados de Luiz Hermínio, de 1992 a 1996 [4, 5], e de Josué Modesto, de 2004 a 2012 [6, 7].

Logo no início da gestão de Luiz Hermínio, nos deparamos com uma panfletagem no Campus de São Cristóvão grafando “UFS: Rumo à Estação Rondônia“. Tratava-se da divulgação de um Ranking de universidades brasileiras elaborado por um conselheiro do CFE (Conselho Federal de Educação) usando, como base, um índice de qualificação docente, que colocava a UFS no penúltimo lugar, à frente, apenas, da Universidade Federal de Rondônia. A equipe da POSGRAP [5] analisou cuidadosamente os indicadores de qualificação docente usados no referido Ranking e descobriu que havia um erro relevante com os dados referentes à UFS. A nossa universidade deveria ser listada numa posição intermediária, algo em torno de 35ª num total de cerca de 65 universidades existentes em 1993. O Reitor Hermínio solicitou, com êxito, uma retificação do Ranking. E não se falou mais em “UFS: Rumo à Estação Rondônia“.

A gestão de Luiz Hermínio foi muito estimulante. Estruturou-se com uma equipe do mais alto nível para avançar na modernização da graduação, na colaboração com os municípios sergipanos, na qualificação docente da universidade e do ensino básico do nosso estado e, sobretudo, nos programas de pós-graduação e de pesquisa. Foi exitosa em todas as frentes. As normas da graduação foram modernizadas de tal forma que permaneceram inalteráveis por cerca de 23 anos; a extensão acadêmica, envolvendo as prefeituras municipais, foi notável, assunto que contou com o apoio inestimável da FAPESE (Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe), instituída em 1993; a infraestrutura física foi desenvolvida; a Biblioteca Central (BICEN) foi modernizada; foi instalado o Museu do Homem Sergipano; o Programa de Qualificação Docente (PQD) licenciou centenas de professores da educação básica a partir de polos instalados em diversos municípios; a qualificação docente da UFS avançou com o estímulo à qualificação dos professores em programas de mestrado e doutorado em outras universidades e pela implantação de cursos de pós-graduação na UFS que ajudaram a formar futuros docentes e, também, a atrair candidatos doutores nos concursos para docentes que foram abertos no período; a pesquisa avançou muito, seguindo o avanço da qualificação docente, da implantação dos cursos de pós-graduação e do estímulo à pesquisa por meio de fomento financeiro a projetos e de expressivo programa de bolsas de iniciação científica e de pós-graduação.

Até 1992, a UFS contava com apenas um único programa de pós-graduação stricto sensu: o mestrado em geografia. Entre 1994 e 1996 foram criados quatro novos cursos de mestrado: Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente, Física e Saúde da Criança, depois reformulado, passando a ser denominado Ciências da Saúde. Foi um marco da gestão de Luiz Hermínio: A UFS passou de 1 para 5 mestrados.

Passou o tempo. Ocorreu o reitorado de Fernandes Lima, de 1996 a 2004 [8]. Período em que a gestão se dedicou a expandir e modernizar a infraestrutura física e de gestão, expandir a graduação e a pós-graduação, consolidar os avanços até então ocorridos na estrutura acadêmica e, assim, preparar a UFS para novo período de crescimento. Cabe destacar que no período as vagas anuais de graduação cresceram de 1.400 para 2.000, e o número de alunos de graduação passou de 6.000 para 11.000.

Chegamos ao reitorado de Josué Modesto. Ele foi estruturado, com uma excelente equipe gestora, para tocar um projeto ambicioso: tornar a UFS uma universidade grande e inclusiva! E isso realmente foi realizado.

Na gestão de Josué Modesto, a UFS tornou-se multicampi com a implantação dos campi de Itabaiana, Laranjeiras e Lagarto; passou a fazer parte da Universidade Aberta do Brasil (UAB), com a criação do Centro de Educação superior a Distância (CESAD); adotou o Programa de Ações Afirmativas (PAAF), com reserva de 50% das vagas, em cada curso de graduação para os egressos de escolas públicas; ampliou o corpo docente efetivo de 461 professores para 1.136; o corpo discente cresceu de 11.000 para 31.000 alunos de graduação e de 357 estudantes de mestrado e doutorado pra 1.908. Na graduação, foram criados grande número de novos cursos em todas as áreas de conhecimento (Artes, Engenharia e Tecnologia, Agrárias, Saúde e Ciências Sociais); o número de cursos de mestrado passou de 9 para 38 e os de doutorado passou de 1 para 8.

A expansão inclusiva da gestão de Josué Modesto foi fundamental para o sucesso que observamos agora. A UFS transformou-se em uma instituição grande com absoluta diversidade em sua constituição. Diversidade que foi garantida pela amplitude dos concursos públicos que atraíram docentes de todas as partes do país e pela adoção do Programa de Ações Afirmativas e dos processos seletivos nacionais que viabilizaram a necessária diversidade discente.

Ao incluirmos as conquistas da gestão de Josué Modesto na sequência histórica dos 52 anos da UFS, percebemos como as diferentes gerações da nossa universidade (gestores, corpos docente, discente e técnico-administrativo), sob os mais diferentes ambientes políticos, foram eficazes para a consolidação da instituição que temos hoje: uma universidade contemporânea, inovadora, criativa, produtiva e plenamente inclusiva, que orgulha a todos nós que ajudamos a construi-la e que valorizamos o bem comum. Agora, a UFS é Top 7 Brasil!

[1] Times Higher Education. World University Rankings 2021. https://www.timeshighereducation.com/world-university-rankings/2021/world-ranking. Acesso em 03 de setembro (2021).

[2] Times Higher Education. World University Rankings 2021. In Brazil. https://www.timeshighereducation.com/world-university-rankings/2021/world-ranking#!/page/0/length/25/locations/BR/sort_by/rank/sort_order/asc/cols/stats. Acesso em 03 de setembro (2021).

[3] Fui professor do Departamento de Física da UFS de 1976 a 2016.

[4] Reitorado de Luiz Hermínio: Reitor: Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira, Vice-Reitor: José Paulino da Silva.

[5] Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (POSGRAP), de 1992 a 1996: Cláudio Andrade Macêdo (Pró-Reitor), Josué Modesto dos Passos Subrinho (Coordenador de Pós-Graduação), José Daltro Filho, Luiz Gonzaga de Azevedo e André Maurício Conceição de Souza (Coordenadores de Pesquisa, em momentos distintos). Em todo o período a POSGRAP contou com uma equipe técnico-administrativa do mais alto nível de dedicação e competência.

[6] Reitorado de Josué Modesto, de 2004 a 2012: Josué Modesto dos Passos Subrinho (Reitor) e Angelo Roberto Antoniolli (Vice-Reitor).

[7] Fui Assessor do Reitor, de 2004 a 2006, e Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, de 2006 a 2012. Neste caso, com a equipe que promoveu extraordinários resultados formada por Rogério Proença Leite e Arie Fitzgerald Blank (Coordenadores de Pós-Graduação, em momentos distintos), Arie Fitzgerald Blank, Sara Maria Thomazzi e Anne Michelle Garrido Pedrosa de Souza (Coordenadores de Pesquisa, em momentos distintos), Renata Silva Mann (Coordenadora de Assuntos Internacionais e Capacitação Docente e Técnica), Suzana Leitão Russo (Coordenadora de Inovação e Transferência de Tecnologia), Mário Everaldo de Souza e Ana Karina de Oliveira Nascimento (Coordenadora do Setor de Assessoria Linguística para Assuntos Internacionais, em momentos distintos). Na POSGRAP tivemos Ricardo Queiroz Gurgel como Pró-Reitor (2004-2006). Igualmente, neste período, atuou na POSGRAP uma equipe técnico-administrativa de inegável dedicação e competência.

[8] Reitorado de Fernandes Lima, de 1996 a 2004: José Fernandes de Lima (Reitor) e Josué Modesto dos Passos Subrinho (Vice-Reitor).

Como citar este artigo: Claudio Macedo. UFS: De “Rumo à Estação Rondônia” para “Top 7 Brasil”. Saense. https://saense.com.br/2020/11/ufs-de-rumo-a-estacao-rondonia-para-top-7-brasil/. Publicado em 22 de novembro (2020).

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