CCS/CAPES
29/01/2021
O biólogo Samuel Cota Teixeira é bolsista de pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde é pesquisador vinculado ao Programa de Pós-Graduação (PPG) em Imunologia e Parasitologia Aplicadas. Em seu trabalho desvendou o papel do óleo de copaíba no combate à toxoplasmose (leia o artigo aqui).
Fale um pouco da sua trajetória.
Toda a minha formação é vinculada à UFU. Concluí meu doutorado aos 24 anos, em 2018, e no mesmo ano dei início ao estágio de pós-doutoramento. Nesse período, também fui professor-substituto pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM-UFU), ministrando a disciplina de Imunologia. Atualmente faço o meu segundo estágio pós-doutoral, financiado pela CAPES.
Ao longo de minha trajetória acadêmico-científica, estabeleci diferentes linhas de pesquisas. As duas principais são a biologia celular, molecular e imunidade de doenças infecciosas e parasitárias e a bioprospecção de moléculas derivadas de produtos naturais com potencial antiparasitário e antitumoral. Dentro dessas linhas de pesquisa, e como fruto do meu período de mestrado e doutoramento, foram desenvolvidos e publicados artigos científicos em periódicos de alto impacto na área, como em revistas do grupo Nature e Frontiers (Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1978-1658).
Como surgiu o interesse pela área em que atua?
A busca pela compreensão dos mecanismos relacionados à interação entre parasito e hospedeiro que permitem a perpetuação de doenças infecciosas me fascina desde a adolescência, o que me levou a cursar Ciências Biológicas. Meu interesse pela minha atual área de atuação se consolidou no decorrer da minha trajetória acadêmico-científica e com o contato com diferentes disciplinas e professores.
Fale sobre o seu trabalho com o óleo de copaíba.
A toxoplasmose congênita, uma das formas mais graves da toxoplasmose humana, é causada pelo protozoário parasito Toxoplasma gondii. Ela se caracteriza pela passagem do parasito da mãe para o feto. Esse processo pode resultar em diferentes complicações, principalmente para o feto em formação, em alguns casos levando até mesmo ao aborto ou morte neonatal.
Diante desse cenário, existem alguns medicamentos que são considerados “padrão-ouro” para o tratamento da toxoplasmose. Vários estudos têm apontado, no entanto, que o uso desses fármacos pode gerar efeitos colaterais tanto na gestante quanto no recém-nascido, o que pode contribuir para a baixa adesão ao tratamento.
Somado a isso, algumas pesquisas têm demonstrado a existência de linhagens de parasitos que são resistentes aos tratamentos convencionais. Por essa razão, estudos ao redor do mundo buscam compostos alternativos que sejam mais eficazes e, ao mesmo tempo, menos nocivos à saúde. Nesse sentido, o nosso estudo, pioneiro na área, se propôs a avaliar se o ‘óleo de copaíba’, extraído de espécies brasileiras, seria capaz de apresentar algum resultado contra o desenvolvimento dessa infecção.
De forma geral, observamos que o óleo apresentou resultados bem promissores e, em alguns momentos, mostrou-se até mais efetivo e menos tóxico quando comparado com a terapêutica tradicional.
Como garantir que o óleo seja utilizado no tratamento?
Apesar dos resultados promissores que obtivemos, sabemos que nossa pesquisa ainda precisa de novos passos, agora buscando descobrir qual o possível princípio ativo presente no óleo de copaíba relacionado com a atividade antiparasitária observada. Também entendemos que um importante passo em nossa pesquisa será a utilização de modelos experimentais in vivo, que nos permitirão uma melhor compreensão da eficácia, segurança e efeito farmacológico do óleo e/ou substância isolada em um contexto infeccioso.
Qual o impacto que imagina que sua pesquisa pode ter nacionalmente? E internacionalmente?
Como foi mencionado anteriormente, a toxoplasmose congênita é um desafio de saúde pública latente tanto no Brasil quanto em outros países. Assim, a descoberta de novos compostos que consigam preencher as lacunas existentes do combate a essa doença pode impactar positivamente a vida de um elevado número de pessoas, garantindo melhores condições de vida para gestantes e crianças.
Qual a importância da CAPES na sua trajetória?
A CAPES foi e continua a ser, umas das principais responsáveis por permitir a realização da minha trajetória científica. Aproveito o espaço para agradecer pelos financiamentos em projetos científicos, bem como no custeio de minhas bolsas de doutorado e, agora, pós-doutorado.
Como citar este texto: CCS/CAPES. Pesquisa mostra importância da copaíba no combate à toxoplasmose. Saense. https://saense.com.br/2021/01/pesquisa-mostra-importancia-da-copaiba-no-combate-a-toxoplasmose/. Publicado em 29 de janeiro (2021).