CCS/CAPES
27/02/2022

Na Antártica, musgos podem ser remédios
Pesquisa analisará genética dos musgos para entender como eles desenvolveram capacidade para sobreviver em um ambiente tão hostil (Foto: Arquivo Pessoal)

Pesquisadores brasileiros liderados pelo professor do programa de pós-graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Marcelo Henrique Soller Ramada, estudam na Antártica a possibilidade de musgos se tornarem possíveis medicamentos contra várias doenças. O estudo, conduzido como parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), avalia a composição genética destas plantas, sua natureza e capacidade da resistência a ambientes hostis.

“Anualmente, o projeto vem à Antártica para fazer coleta de material botânico, mais especificamente algumas espécies de musgos, sob diferentes condições, para que seja possível entender a informação genética destes organismos e, com isso, compreender como reagem às diferentes condições ambientais existentes aqui, sempre muito extremas”, explica Marcelo Ramada, observando que os musgos podem ter desenvolvido capacidades que os tornam  agentes com “potencial especial para servirem como possíveis medicamentos antimicrobianos, antivirais ou até antitumorais”.

Feito na Estação Brasileira Comandante Ferraz, localizada nas Ilhas Shetlands do Sul, o estudo, chamado de Briotech, envolve a participação de outros quatro cientistas. Bolsista da CAPES, Amanda Leal da Silva, é doutoranda no programa de Patologia Ambiental e Experimental, na Universidade Paulista (Unip). Seu trabalho consiste na coleta da espécie de musgo Sanionia uncinata em diferentes locais do continente antártico.

“Nossa intenção é coletar uma mesma planta em diferentes condições, como luminosidade, vento, água do mar ou altitudes diferentes, para verificar se estas condições diferenciadas irão influenciar e ofertar substâncias diferentes, que poderão resultar em uma descoberta significativa para a ciência”, afirma Amanda. Depois de recolhidos, esses materiais passam por diversas análises microbiológicas “assim como análises com células de câncer, por exemplo”, comenta ela.

Enfrentando uma sensação térmica de -18ºC e ventos de até 120 km/h, o grupo de pesquisadores, apoiados por uma equipe da Marinha do Brasil, iniciou seus trabalhos no dia 30 de novembro de 2021. Depois de quase três meses de coletas e análises, o retorno ao Brasil está marcado para este mês de fevereiro.

Programa Antártico Brasileiro
O Programa Antártico Brasileiro (Proantar), criado em 1982, é coordenado pela Marinha do Brasil e tem por objetivo a promoção de pesquisa científica diversificada e de alta qualidade na região antártica, com a finalidade de compreender os fenômenos que ali ocorrem, que tenham repercussão global e, em particular, sobre o território brasileiro.

Como citar este texto: CCS/CAPES. Na Antártica, musgos podem ser remédios. Texto de _. Saense. https://saense.com.br/2022/02/na-antartica-musgos-podem-ser-remedios/. Publicado em 27 de fevereiro (2022).

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