UFRGS
01/05/2022

Estudo analisa catalisadores constituídos de nanopartículas de cobre na transformação de monóxido de carbono em gás carbônico
Física | Pesquisa colabora para realização de catalisadores mais baratos e mais eficientes que reduzem os impactos ambientais
Representação esquemática da evolução temporal da forma das nanopartículas de cobre
(esferas em cor bronze que evoluem para estruturas planares da mesma cor) durante ativação do catalisador.
Dessa forma, a interação entre a nanopartícula e o suporte (abaixo das nanopartículas com esferas brancas e vermelhas) é realçada, trazendo benefícios para a reação catalítica [1]

O monóxido de carbono (CO) é um gás tóxico formado a partir da queima de matéria orgânica, como gasolina e vegetação. Antes de chegar na atmosfera, é preciso que ele seja eliminado e, para isso, é possível transformá-lo em gás carbônico através da oxidação, isto é, a reação dele com oxigênio. Para acelerar esse processo, usam-se catalisadores, que geralmente são constituídos de platina, paládio ou ródio, compostos caros e escassos. Em artigo publicado na revista Small – e destacado na capa do periódico –, pesquisadores dos institutos de Química e Física e do departamento de Engenharia Química da UFRGS avaliaram catalisadores constituídos de nanopartículas de cobre aplicadas na reação de oxidação de CO. Foi descoberto que é possível alterar a forma das nanopartículas de cobre previamente à reação catalítica, aumentando a eficiência do processo. 

A pesquisa iniciou no Trabalho de Conclusão de Curso e foi tema da dissertação de mestrado de Lívia Pugens Matte, atualmente doutoranda no Programa de Pós-graduação em Física da UFRGS. Com orientação do docente Fabiano Bernardi, diretor do Centro de Nanociência e Nanotecnologia (CNANO) e responsável pelo Laboratório de Física de Nanoestruturas do Instituto de Física da UFRGS, o estudo foi desenvolvido com o objetivo de buscar uma alternativa aos catalisadores utilizados atualmente. “A ideia original era aumentar a eficiência por conta da importância da reação catalítica e baratear [o processo]”, relata o pesquisador.

Catalisadores e nanopartículas

Um catalisador é um material que visa acelerar a reação catalítica, ou seja, é uma forma de transformar, de modo mais rápido, pelo menos duas moléculas em uma terceira. Uma classe especial de catalisadores é constituída por nanopartículas – partículas muito pequenas, de dimensões nanométricas, invisíveis a olho nu, que melhoram as propriedades catalisadoras. Segundo Fabiano, “a atividade, a performance, os resultados são muito melhores do que um sistema sem nanopartículas”. O pesquisador ressalta que a interação entre a nanopartícula e o suporte é muito importante para melhorar a atividade catalítica. 

O catalisador é uma nanopartícula que não está isolada, mas “suportada” por algo. Fabiano compara esse sistema com uma bola de tênis, que seria a nanopartícula, sobre uma mesa, que seria o que é chamado de suporte. “Do ponto de vista microscópico, o meu sistema são várias bolinhas de tênis de cobre, que é a nanopartícula, e um suporte de óxido de metal. Esse conjunto todo é o meu catalisador”, completa. 

Durante as análises, o grupo percebeu também que, depois de ativação da nanopartícula em uma atmosfera de hidrogênio, ela se espalha pela superfície e aumenta a área de interação entre os dois. “Isso é pioneiro, as pessoas nunca tinham visto isso acontecer. E, aumentando o contato, deve-se aumentar a reatividade catalítica e melhorar o catalisador”, explica.

Contribuição para o meio ambiente

A reação catalítica da oxidação do monóxido de carbono é muito importante também do ponto de vista ambiental, pois, se liberado em alta concentração na atmosfera, o CO contribui para o agravamento do efeito estufa. Em veículos automotivos, por exemplo, os exaustores possuem catalisadores que transformam o monóxido de carbono em dióxido de carbono (CO2), que é menos poluente. Esse processo também é aplicado em exaustores industriais, que são aparelhos usados para eliminar calor, impurezas, odores, gases e outras substâncias tóxicas de um ambiente. “As pessoas tentam transformar CO em CO2, e o motivo é que, em primeiro lugar, o CO é tóxico. Para o meio ambiente em específico, esse gás também está associado ao efeito estufa: quando o CO vai para a atmosfera, ele encontra radicais OH, que vêm da quebra da água. Ao combinar CO com OH indiretamente, se aumenta a concentração de metano na atmosfera.”

Fabiano complementa que o metano (CH4) é ainda mais prejudicial ao ambiente do que o dióxido de carbono. Como, porém, se tem mais dióxido de carbono na atmosfera, esse gás acaba gerando mais consequências no efeito estufa do que o metano. Por isso, os estudos que envolvam a busca por catalisadores mais baratos e mais eficientes são tão importantes.

Os próximos passos incluem dar seguimento ao trabalho e deixar os catalisadores cada vez melhores. “Certamente nesses trabalhos com reações catalíticas ou associadas a isso, a ideia é complementar esse novo método de ativação do catalisador, visando esse efeito para outros sistemas. E, claro, a melhora da performance dos catalisadores”, completa. [2]

[1] Imagem: Divulgação / UFRGS.

[2] Texto de Geovana Benites.

Como citar esta notícia: UFRGS. Estudo analisa catalisadores constituídos de nanopartículas de cobre na transformação de monóxido de carbono em gás carbônico. Texto de Geovana Benites. Saense. https://saense.com.br/2022/05/estudo-analisa-catalisadores-constituidos-de-nanoparticulas-de-cobre-na-transformacao-de-monoxido-de-carbono-em-gas-carbonico/. Publicado em 01 de maio (2022).

Notícias científicas da UFRGS     Home