CCS/CAPES
25/07/2022
Desenvolver um produto cosmético sustentável, com matéria-prima regional e que pudesse contribuir para melhorar a autoestima de pessoas que sofrem com manchas na pele. Esse foi o principal objetivo de Érika Diógenes, farmacêutica e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (UFC). A pesquisadora utilizou as folhas da planta da aroeira-do-sertão para criar um sérum facial sustentável com ação clareadora e antioxidante.
Fale um pouco sobre o seu trabalho.
Nosso grupo de pesquisadores, do laboratório de cosméticos da UFC, detectou que o extrato de aroeira possui excelente ação clareadora. Verificamos que o extrato foi capaz de inibir a enzima tirosinase, responsável por produzir a melanina do nosso organismo. Também comprovamos que tem fortíssima ação antioxidante.
Qual a indicação de aplicação do produto?
Como ele age inibindo a enzima tirosinase, a principal indicação de uso do produto seria para tratar o melasma, que é uma hiperpigmentação da pele decorrente da deposição aumentada de melanina e pode ser causado por exposição solar, problemas hormonais, entre outros fatores.
Qual é a importância da sua pesquisa para a sociedade?
O melasma atinge muitas pessoas no mundo. Aqui no Nordeste, devido à grande incidência de sol, por exemplo, é comum. É um problema que vai além da estética, pois mexe com a autoestima das pessoas, principalmente das mulheres. Nosso produto pode ajudar as pessoas a recuperarem a autoestima. É de baixo custo, sustentável e com tecnologia 100% limpa. Além disso, a aroeira-do-sertão é uma planta nobre e querida para nós, nordestinos, porque pertence à caatinga. Com isso, valorizamos os recursos naturais do nosso país.
O que seria essa tecnologia limpa?
O nosso extrato, além de usar as folhas da aroeira, algo altamente sustentável, utiliza água como solvente. Conseguimos extrair os compostos que têm ação antioxidante e clareadora com a água, que é a forma mais limpa que existe de se obter o extrato.
O estudo já ganhou algum reconhecimento?
Depositamos a patente e já tem algumas empresas nos procurando para serem licenciados a produzir o nosso produto. Estamos vendo qual a melhor alternativa, mas a nossa pesquisa já desperta bastante interesse do setor cosmético.
Já existe algum estudo que utiliza a aroeira-do-sertão com potencial clareador?
Nosso trabalho é pioneiro nesta destinação. Não existe na literatura nenhum estudo com a utilização da aroeira-do-sertão em cosméticos com ação clareadora e antioxidante.
Quais os próximos passos?
Já temos o ensaio de segurança para uso tópico, agora vamos fazer o ensaio clinico junto à dermatologia da UFC. Esses ensaios duram cerca de três meses. Comprovada a eficácia do produto para clarear a pele e as manchas, em menos de um ano poderá estar disponível no mercado.
Como citar este texto: CCS/CAPES. Pesquisadora da UFC desenvolve gel facial clareador. Saense. https://saense.com.br/2022/07/pesquisadora-da-ufc-desenvolve-gel-facial-clareador/. Publicado em 25 de julho (2022).