CCS/CAPES
22/11/2022

Genética explica povoamento indígena na América do Sul
Índia ianomâmi e seu filho pequeno [1]

Doutor em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), Marcos Araújo Castro e Silva foi o vencedor do Prêmio CAPES de Tese na categoria Ciências Biológicas I com uma pesquisa sobre a origem, a história e a diversidade dos povos indígenas da América do Sul. Desenvolvido a partir de uma investigação genômica, o trabalho confirma o fato de que os atuais povos indígenas se espalharam pelas Américas a partir da migração vinda da Ásia, pelo Pacífico, reconstruindo o complexo processo de dispersão por toda a região.

Marcos Castro constatou que as populações indígenas da América do Sul têm uma grande diversidade genética. Isto se deve, sobretudo, à miscigenação ocorrida, ao longo dos séculos, com povos originários da colonização europeia e africana. O trabalho revelou a existência de uma estrutura de genes parcialmente relacionada à variedade linguística entre os indígenas do leste e oeste da América do Sul.

Em sua pesquisa, o cientista verificou que tanto a diferenciação quanto o nível de diversidade genética desses grupos indígenas estão correlacionados às suas posições geográficas, sobretudo em relação à longitude. Isto sugere que esses padrões foram formados por um efeito conjunto de isolamento por distância e de gargalos populacionais em série, possivelmente vinculados à dispersão inicial a partir da costa do Pacífico.

O cientista destacou ainda que “demonstramos que o sinal de afinidade genética australo-asiática apresenta grande variação populacional, e está muito mais extensamente distribuído na América do Sul do que anteriormente demonstrado, estando presente mais ao sul da região Centro-Oeste brasileira nos Guaraní-Kaiowá e também do outro lado da Cordilheira dos Andes, nos Chotuna do litoral norte do Peru”.

Sobre a premiação
Prêmio CAPES de Tese reconhece as melhores teses de doutorado das 49 áreas do conhecimento. Os autores dos trabalhos selecionados receberão bolsa de até um ano para estágio pós-doutoral em instituição nacional, certificado e medalha. Seu orientador ganhará um prêmio no valor de até R$3 mil, além de certificado, que também será oferecido aos coorientadores e ao programa de pós-graduação.

Dos 49 vencedores, três recebem o Grande Prêmio, que concede uma bolsa para estágio pós-doutoral em instituição internacional, por até 12 meses, certificado e troféu. Cada orientador recebe premiação de R$9 mil para participar de congresso internacional e certificado de premiação, que também será entregue aos coorientadores e ao programa de pós-graduação. Parceiras da CAPES, a Fundação Carlos Chagas e a Dimensions Sciences oferecem prêmios adicionais. [2]

[1] Imagem: Cmacauley, Wikimedia Commons, CC BY-SA 3.0

[2] Redação CGCOM/CAPES

Como citar este texto: CCS/CAPES. Genética explica povoamento indígena na América do Sul. Saense. https://saense.com.br/2022/11/genetica-explica-povoamento-indigena-na-america-do-sul/. Publicado em 22 de novembro (2022).

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