CCS/CAPES
09/12/2022
Graduado em Agronomia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Luiz Henrique Vieira Lima é doutorando em Ciência do Solo pela mesma instituição. O cientista está na Universidade de Lorraine, na França, onde, com bolsa do Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE), da CAPES, finaliza a sua tese sobre agromineração. O estudo mostra a eficácia de determinadas plantas na despoluição e recuperação mineral de solos enriquecidos por metais pesados.
Do que se trata a sua pesquisa e quais os objetivos?
A agromineração consiste no uso de plantas em áreas não mais lucrativas por técnicas convencionais de mineração e agricultura, extraindo metais que possam ser transformados em bio-minérios utilizados na indústria. O principal ambiente de aplicação desta fitotecnologia são os solos ultramáficos (ricos em níquel, cobalto, cromo, ferro e magnésio), que têm baixa ocorrência no planeta, mas apresentam alta importância ambiental, geoquímica e industrial e são ambientes hostis para a maioria das plantas devido a altos teores de metais pesados e baixa fertilidade natural.
As plantas hiperacumuladoras são espécies raras que se desenvolvem nesses ambientes sem apresentar sinais de toxidez, devido a capacidade de acumular concentrações elevadas de metais. A compreensão mais abrangente dos mecanismos envolvidos na acumulação pode contribuir para novos métodos que impulsionem a agromineração no campo, que é a extração e transformação de minerais de interesse comercial por meio de plantas que os absorvem do solo. O meu projeto tem como objetivo avaliar o potencial de plantas hiperacumuladoras brasileiras (Pfaffia sarcophylla, Lippia lupulina e Justicia lanstyakii) na agromineração de níquel e remediação da poluição.
Como sua pesquisa se aplica à realidade brasileira?
Com a utilização, cada vez maior, de metais pesados em todo o mundo e frequente contaminação ambiental, são necessários estudos de métodos que possam remediar e mitigar os impactos que esses elementos causam no ambiente, trazendo retornos econômicos. Nesse contexto, o trabalho de avaliação do potencial de hiperacumuladoras tropicais para agromineração de níquel tem importância nacional e global, visto que o Brasil é um dos poucos países no mundo que possuem áreas com solos ultramáficos e espécies hiperacumuladoras. Esses estudos, inéditos no País, permitirão um avanço do conhecimento nesse tema. Adicionalmente, o Brasil é um grande produtor mundial de metais, com extensas áreas de mineração, e Pernambuco possui áreas ultramáficas com alto potencial de aplicação desta fitotecnologia.
Como o seu trabalho pode contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas?
O entendimento dos processos que conduzem o acúmulo de metais em plantas é fundamental para o desenvolvimento de novas técnicas e melhoramento genético de plantas que podem ser utilizadas na remediação de áreas contaminadas por metais ou para a agromineração. Dessa forma, este projeto busca aperfeiçoar fitotecnologias para reduzir níveis de contaminações ambientais por metais pesados e consequentemente riscos à saúde humana, gerando retorno econômico em zonas não mais lucrativas pelo uso de técnicas convencionais de agricultura e mineração.
Fale sobre a experiência na França proporcionada pelo PDSE.
A imersão em hábitos e o contato com multiculturalidade na França estão me permitindo o aperfeiçoamento de outros idiomas e desenvolvimento pessoal. Além disso, a formação de parcerias com profissionais renomados no mundo, o treinamento em novas análises e o uso de estruturas e equipamentos de alta tecnologia incrementam a relevância do projeto e intensificam a evolução profissional. Dessa forma, a experiência do doutorado-sanduíche desenvolve a independência emocional e a melhoria de habilidades curriculares, promovendo a formação de um profissional diferenciado no cenário acadêmico e/ou mercado de trabalho.
Qual a importância da CAPES para o seu projeto?
A CAPES auxiliou no desenvolvimento do meu projeto por meio de recursos cedidos em editais que permitiram a compra e manutenção de equipamentos e reagentes necessários para a execução do trabalho. Atualmente sou bolsista PDSE e este financiamento possibilita que minha dedicação seja exclusiva com a pesquisa. Além da bolsa, a CAPES incentiva a divulgação dos resultados por suas mídias sociais e auxiliando pagamentos de taxas para publicações em revistas internacionais de alto fator de impacto. Além da CAPES, agradeço os meus orientadores Clístenes Nascimento, Fernando Silva, Antony Van der Ent e Guillaume Echevarria. [1]
[1] Redação CGCOM/CAPES
Como citar este texto: CCS/CAPES. Tecnologia usa plantas na mineração e recuperação de solos. Saense. https://saense.com.br/2022/12/tecnologia-usa-plantas-na-mineracao-e-recuperacao-de-solos/. Publicado em 09 de dezembro (2022).