UnB
17/02/2023
Aumentar o alcance e facilitar o trabalho de agentes de saúde. Este é o objetivo do SisVetor, sistema desenvolvido pela Universidade de Brasília para monitorar as taxas de transmissão de doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti. O software, com um módulo voltado para gestores e outro para a atuação em campo, otimiza a apuração de dados e é capaz de funcionar mesmo em locais onde não há internet. O tempo de ação dos agentes de saúde passa de duas semanas para 24 horas.
“Ele otimiza esse processo, organiza o planejamento e otimiza esse período entre a coleta de dados e a transformação dela em informação para a tomada de decisão”, afirma Jonas Brant, professor do Departamento de Saúde Coletiva e coordenador do projeto e da Sala de Situação da UnB.
A lista de trabalho com os imóveis que serão visitados é sincronizada no aplicativo ainda em um local com acesso à internet. Depois, é possível registrar as ações de campo de forma offline, já que os dados ficam mantidos no dispositivo até o envio ao servidor, quando o usuário tiver novamente conexão com a internet.
“A maior parte da nossa estratégia de vigilância está vinculada a pessoas. Precisamos também de uma estratégia que monitore o território, pois é ali que muitas doenças estão se aproveitando dessas características ambientais para poderem afetar os seres humanos”, avalia Jonas Brant.
Os dados registrados no aplicativo depois viram mapas e gráficos, verificados por estudantes das áreas de saúde, comunicação e tecnologia que integram a Sala de Situação da Faculdade de Ciências da Saúde (FS) da UnB. As informações são enviadas ao Ministério da Saúde e aos gestores municipais, e tudo isso ajuda na análise da infestação de mosquitos Aedes aegypti em cada localidade.
FASE DE TESTES – Desde 2019, dois municípios brasileiros contam com o SisVetor, de maneira experimental: Manaus (AM) e Sete Lagoas (MG). Em ambos, há colaboração das secretarias municipais de saúde e, no caso da cidade mineira, também há apoio da Secretaria de Estado de Saúde.
Entre as estratégias testadas nesses locais estão as visitas de imóveis em pontos estratégicos e o monitoramento de armadilhas ovitrampas para o controle do vetor. O próximo passo é validar nos dois pilotos outros tipos de atividade de vigilância e controle como visita casa-a-casa, bloqueio vetorial e levantamento de índice rápido para Aedes aegypti (LIRAa, método simplificado para obtenção rápida de indicadores que permitem conhecer a distribuição do mosquito).
De acordo com a Sala de Situação da UnB, que toca o projeto desde Brasília, os resultados têm sido positivos: os colaboradores dos projetos pilotos em Manaus e em Sete Lagoas perceberam melhora na qualidade do dado, bem como diminuição de erros de registros e do retrabalho.
Além disso, encontraram maior facilidade para revisão dos registros e relataram redução do tempo para gerar informação gerencial e outros instrumentos de informação, como mapas e gráficos. Estes antes eram feitos manualmente em ferramentas de escritório e softwares específicos, com ajuda de um especialista, e hoje são gerados automaticamente pelo sistema.
“Tudo isso traz um grande ganho em uma estratégia de enfrentamento ao mosquito, que está o tempo inteiro pensando em se reproduzir para aumentar sua infestação”, acredita Jonas Brant.
O projeto aguarda nova rodada de financiamento para ampliação do sistema a partir do desenvolvimento de um módulo de levantamento rápido de infestação nos municípios.
ARBOCONTROL – O software SisVetor integra o Projeto ArboControl, que se propõe a investigar o controle do vetor Aedes aegypti e das chamadas arboviroses dengue, zika e chikungunya.
Dividido em quatro componentes, o projeto faz a pesquisa, testa novas tecnologias em saúde, verifica ações nos campos da Educação, Informação e Comunicação, e lida com a formação e capacitação profissional para o monitoramento do mosquito.
A iniciativa, desenvolvida no âmbito da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FS/UnB) e do Núcleo de Estudos de Saúde Pública do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Nesp/Ceam/UnB), conta com a participação de laboratórios, pesquisadores e professores dos departamentos de Saúde Coletiva e Farmácia, além de outros cursos de graduação e pós-graduação da FS e outras instituições parceiras. [1]
[1] Texto de Marcela D’Alessandro
Como citar este texto: UnB. Aplicativo desenvolvido pela UnB potencializa controle do Aedes aegypti. Texto de Marcela D’Alessandro. Saense. https://saense.com.br/2023/02/aplicativo-desenvolvido-pela-unb-potencializa-controle-do-aedes-aegypti/. Publicado em 17 de fevereiro (2023).