UFRGS
11/12/2024

Ambientes naturais e seus impactos na saúde
Foto: Flávio Dutra/JU

Apreciar um pôr do sol contemplando o horizonte do oceano, fazer uma caminhada respirando o ar fresco das árvores e ouvindo o canto dos passarinhos podem ser experiências muito relaxantes, contemplativas e que nos fazer refletir e, ao mesmo tempo, nos conectar com algo maior e grandioso – a natureza.

O termo “transtorno do déficit de natureza” foi cunhado pelo jornalista norte-americano Richard Louv em 2005 (portanto, não tão atual), no livro “Last Child in the Woods”. Não se trata de um quadro diagnóstico registrado nos manuais, mas possui o objetivo de chamar a atenção para a associação entre o limitado contato com o ar livre e o tempo despendido com a natureza com os índices alarmantes de sobrepeso e obesidade, sintomas comportamentais e emocionais tanto em crianças e jovens como em adultos nos dias de hoje.

Esse fenômeno é, indubitavelmente, complexo e multifatorial, em que devem ser considerados, para explicar o “déficit de natureza” vivido atualmente, desde a crescente exposição à violência nas ruas até a concentração da população em grandes centros urbanos com menores índices de áreas verdes. Os benefícios da exposição ao ar livre e do contato com a natureza aplicam-se a todas as idades.

Experiências que envolvam a natureza beneficiam o bem-estar, incluindo o bem-estar subjetivo, que compreende emoções e julgamentos cognitivos de satisfação com a vida. A nossa criatividade, a capacidade de resolução de problemas também é promovida pelo contato com a natureza.

Ao nos expormos ao ambiente natural, a mente tem a oportunidade de descansar de tarefas cognitivas exigentes, o que pode levar a um aumento no desempenho criativo. Não é incomum pensar em uma solução muito boa para um problema no momento em que se desfoca dele e se decide fazer uma caminhada ou corrida ao ar livre, por exemplo. Ainda, em contextos de alta demanda atencional, os ambientes naturais são ideais para restaurar essa capacidade de atenção e, consequentemente, a capacidade de processar as informações e aprender novas delas, pois proporcionam uma experiência que relaxa e acalma.

Independentemente da fase do desenvolvimento, o contato com a natureza tem o potencial de reduzir a produção do hormônio do estresse, o cortisol. Este, quando em excesso, pode prejudicar a memória, a concentração e a aprendizagem, assim como associar-se com maiores níveis de ansiedade. A exposição à luz natural do sol também auxilia na regulação do humor e nos nossos níveis de energia e é capaz de ajudar na qualidade do sono, uma vez que o nosso ritmo circadiano se regula pela produção de maiores níveis do hormônio do sono, a melatonina, durante a noite.

Por fim, cidades que possibilitam lugares ao ar livre para praticar atividades físicas são um grande estímulo à construção desse hábito na sua população, reduzindo diversos fatores de risco a doenças, como obesidade ou outras associadas ao sobrepeso e sedentarismo. Sob diferentes prismas, experiências de contato com a natureza podem proporcionar bem-estar e hábitos de saúde, contribuir para uma sensação de pertencimento ao mundo e reduzir a solidão ou sentimentos negativos de tristeza ou cansaço. Em meio ao cotidiano caótico e extremamente tecnológico, encontrar esses refúgios, que tragam sentimentos de maior harmonia, contemplação e relaxamento, é, ao fim e ao cabo, vital. [1], [2]

[1] Texto de Gabriella Koltermann

[2] Publicação original: https://www.ufrgs.br/jornal/ambientes-naturais-e-seus-impactos-na-saude/

Como citar esta notícia: UFRGS. Ambientes naturais e seus impactos na saúde. Texto de Gabriella Koltermann. Saense. https://saense.com.br/2024/12/ambientes-naturais-e-seus-impactos-na-saude/. Publicado em 11 de dezembro (2024).

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