UFRGS
12/05/2025

Dieta sustentável para um sistema alimentar sustentável
Foto: Flávio Dutra/JU

Saúde planetária é um conceito relativamente recente que traz a ideia de que a nossa saúde e a do planeta estão interligadas e influenciam uma à outra – isto é, ao cuidar da saúde do planeta, estamos cuidando da nossa própria saúde. Essa área de estudo transdisciplinar, por um lado, aborda os impactos das mudanças ambientais globais na saúde humana; por outro, analisa como os seres humanos estão alterando o meio ambiente.

A poluição global, as mudanças climáticas, as alterações na biodiversidade, as mudanças no uso da terra, dos recursos do planeta e o aumento dos desastres socioambientais interferem na saúde planetária. Essas alterações modificam a qualidade do ar que respiramos, da água que bebemos, dos alimentos que cultivamos e consumimos. Como consequência, estamos expostos a novas/diferentes doenças e a alterações negativas na saúde nutricional, mental e física.

Quando se trata da alimentação, pensando inicialmente no contato entre nutricionista e paciente, tratamos basicamente da alimentação e da nutrição no âmbito individual, a partir da promoção de hábitos saudáveis e mudanças no comportamento. Ao pensar na saúde global, outro conceito se torna importante: o de sistema alimentar. Esse é um sistema complexo, que une diferentes elementos relevantes para uma alimentação sustentável.

sistema alimentar envolve as (1) cadeias de produção e distribuição de alimentos (plantação, distribuição, processamento, embalagem, transporte); (2) os ambientes alimentares (estabelecimentos de venda de alimentos, tanto supermercados e feiras quanto restaurantes, influenciados pela disponibilidade, pelo acesso físico, pelo preço, pela informação, pela propaganda, pela qualidade e segurança de alimentos); e (3) comportamento alimentar do consumidor (compra, habilidades culinárias, descarte de alimentos, nutrição e consequências para a saúde).

Todo esse sistema ainda não é o todo, ou seja, cada um desses pontos é influenciado pelas condições do ambiente (chuva, sol), pela tecnologia e infraestrutura disponíveis, pela política e economia, e pelos determinantes socioculturais e demográficos.

Parece complexo – e realmente é. No entanto, o pensar de forma global na saúde do planeta é importante para agirmos de forma mais assertiva – tanto individualmente quanto na comunidade em que vivemos, estudamos e trabalhamos. Isso porque o sistema alimentar atual causa danos à saúde tanto do planeta quanto a nossa.

Tudo está intimamente ligado. É essencial que se reflita sobre esses conceitos e que se tenham políticas públicas que promovam melhores condições para as saúdes do planeta e da população.

Para a comunidade, algumas políticas podem dar conta do regramento, do incentivo à venda e da disponibilização de alimentos mais saudáveis próximo aos consumidores, proporcionando um ambiente alimentar mais saudável. Na UFRGS, por exemplo, é possível pensar no fomento e na ampliação da disponibilidade de alimentos in natura e minimamente processados (frutas, saladas, comidas de panela e outros) nas lancherias e nos restaurantes dos câmpus. Além disso, os restaurantes universitários são ótimos exemplos de bons ambientes alimentares, com o fornecimento de refeições majoritariamente produzidas a partir de ingredientes in natura e minimamente processados.

Em termos individuais, algumas recomendações são possíveis de colocar na prática do dia a dia e que auxiliam na promoção de uma alimentação saudável e de um planeta sustentável:

  • faça dos vegetais (frutas, verduras e legumes) a base da sua alimentação; 
  • reduza o consumo de carne, principalmente bovina e embutidos; e consuma os demais itens de origem animal com moderação. Lembre-se: você pode suprir suas necessidades de proteínas ao consumir leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, soja) combinadas com cereais integrais (arroz integral, milho, aveia, centeio);
  • evite o consumo de ultraprocessados e prefira o consumo de alimentos in natura e minimamente processados. Aprimore suas habilidades culinárias e cozinhe sua própria refeição em casa;
  • evite comprar alimentos cheios de embalagens. Sempre que possível, use embalagens retornáveis e compre direto do produtor;
  • prefira alimentos produzidos mais próximo de você, que tenham usado menos transporte possível para chegar a sua mesa. Leia os rótulos dos alimentos – ali você verá onde o alimento foi produzido;
  • separe o seu lixo e faça o descarte correto;
  • evite o desperdício de alimentos tanto em casa quanto nos restaurantes. Em casa, compre o que for consumir e cuide do prazo de validade dos alimentos. Nos restaurantes, prefira porções menores para não sobrar ou peça para levar para casa o que você não conseguir terminar de comer;
  • prefira comprar em feiras agroecológicas e escolha, especialmente, os alimentos da época (mais baratos, saborosos e nutritivos);
  • sempre que houver possibilidade e espaço, tenha uma horta. Inclusive, é possível construir hortas comunitárias.

Movimentos coletivos se fazem essenciais para a saúde do planeta, porém os pequenos avanços possíveis nas nossas condutas individuais também fazem a diferença. Não esqueça que estamos interligados: nossa saúde depende do meio ambiente, ou seja, ao nos preocuparmos com a saúde planetária estaremos realizando o melhor para a nossa vida. [1], [2]

[1] Texto de Stéfani Almeida Schneider

[2] Publicação original: https://www.ufrgs.br/jornal/dieta-sustentavel-para-um-sistema-alimentar-sustentavel/

Como citar esta notícia: UFRGS. Dieta sustentável para um sistema alimentar sustentável. Texto de Stéfani Almeida Schneider. Saense. https://saense.com.br/2025/05/dieta-sustentavel-para-um-sistema-alimentar-sustentavel/. Publicado em 12 de maio (2025).

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