Marco Túlio Chella
16/09/2016
O artesão, o inventor, o hobbysta de final de semana, pode ser considerado um maker; palavra utilizada para identificar o movimento e as pessoas envolvidas com a criação e a transformação de objetos que incorporam diferentes níveis de tecnologia.
Esse movimento é guiado essencialmente pela facilidade de acesso a ferramentas tecnológicas dotadas de recursos poderosos, fáceis de utilizar, de baixo custo, oferecendo os meios para o desenvolvimento de objetos que Papert [2] chama “pensar com”.
Segundo Anderson [3], todos nós nascemos makers e o que distingue o movimento atual é a produtividade facilitada pelo acesso a componentes eletrônicos que podem ser adquiridos globalmente, disponibilidade de software aberto e processos de fabricação para baixa escala, como as impressoras 3D. As redes sociais, fóruns, listas de discussão e serviços para publicação de vídeos on-line contribuem, ao agregar makers das mais diversas áreas de interesse, gerando uma grande rede de conhecimentos compartilhados.
Sensores, processadores e hardware para comunicação em rede, são os três ingredientes principais para se criar objetos no estilo Internet das coisas. É cada dia maior a facilidade com que esses componentes podem ser conectados entre si, programados e testados, permitindo que o ciclo que vai da ideia a um protótipo funcional seja muito rápido, possibilitando que o conceito seja validado e, a depender do resultado, novas iterações sejam elaboradas para aperfeiçoar o projeto ou, caso não atenda todos ou alguns requisitos, este possa ser descartado sem que isso represente alto investimento em tempo e recursos, já que, eventualmente, os componentes podem ser reutilizados em novos projetos.
O quarto ingrediente para a Internet das coisas é a nuvem: computadores remotos, conectados pela Internet, responsáveis pelo armazenamento, processamento e compartilhamento de dados gerados pelos dispositivos equipados com sensores, atuadores e alguma capacidade de processamento.
A combinação de todos esses elementos cria o ambiente para desenvolvimento de sistemas compostos por hardware, software e conectividade à rede Internet, capazes de oferecer soluções para problemas da sociedade que até recentemente apenas podiam ser projetados por organizações tradicionais com grandes orçamentos. Quando gigantes da indústria como Microsoft, Intel, Google criam mecanismos como feiras, eventos e mesmo tecnologias focadas no movimento maker, podemos considerar uma sinalização de que o movimento tem motivado e inspirado novas formas de pensar a ciência, a economia e a educação.
[1] Crédito da imagem: Bill Ward from El Cerrito, CA, USA (Junk into Art II Uploaded by clusternote) [CC BY 2.0], via Wikimedia Commons . URL: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Maker_Faire_2007_-_Junk_into_Art_II_(508238963).jpg.
[2] SA Papert. Mindstorms: Children, Computers, and Powerful Ideas. Basic Books (1980).
[3] C Anderson. Makers: The New Industrial Revolution. Crown Publishing (2012).
Como citar este artigo: Marco Túlio Chella. A cultura maker fazendo a Internet das coisas. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/09/a-cultura-maker-fazendo-a-internet-das-coisas/. Publicado em 16 de setembro (2016).