Claudio Macedo
26/11/2015
O termo circadiano, que etimologicamente significa “cerca de um dia”, caracteriza o fato de que os organismos seguem um ciclo interno de processos biológicos que dura cerca de 24 horas. O equilíbrio da vida do organismo depende da manutenção da estabilidade do ciclo circadiano diante das variações ambientais a que se submete.
As mudanças ambientais desencadeiam nos organismos reações bioquímicas que são responsáveis por regular suas funções biológicas. O ser vivo é exposto no dia-a-dia a variações de temperatura, luminosidade, ventos, poluição, nutrientes entre outras, além de enfrentar as mudanças decorrentes das estações do ano.
Os autores definiram a robustez do relógio biológico como sendo o inverso da variação do período (duração do ciclo circadiano) com a temperatura e a adaptabilidade, como a rapidez com que as funções biológicas se ajustam à variação da temperatura. Eles descobriram que existe uma lei universal aplicável a todos os relógios biológicos: uma relação linear entre robustez do período do relógio biológico e a adaptabilidade do organismo às mudanças de temperatura [2].
A lei descoberta, assegura que os organismos que têm funções biológicas mais rapidamente adaptáveis às mudanças ambientais são também os que possuem relógios biológicos mais robustos. Antes deste trabalho, pensava-se que um organismo que rapidamente ajustava suas funções biológicas às mudanças ambientais possuía um ciclo circadiano menos robusto, isto é, seu ciclo se desregulava mais facilmente.
O trabalho é cientificamente muito relevante pois contribui enormemente para a compreensão dos mecanismos físicos que mantêm a vida. Trata-se de um rigoroso estudo interdisciplinar realizado utilizando métodos de física aplicados a sistemas biológicos. [3]
[1] Crédito da imagem: Predavatel / Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0). URL: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tempo#/media/File:Four_seasons.jpg.
[2] TS Hatakeyama and K Kaneko. Reciprocity Between Robustness of Period and Plasticity of Phase in Biological Clocks. Physical Review Letters 115, 218101 (2015).
[3] Artigos relacionados: A cafeína e o sono e Biobússola: descoberta a proteína que detecta campos magnéticos em animais.
Como citar este artigo: Claudio Macedo. Como os relógios biológicos se adaptam às mudanças ambientais? Saense. URL: http://www.saense.com.br/2015/11/como-os-relogios-biologicos-se-adaptam-as-mudancas-ambientais/. Publicado em 26 de novembro (2015).
