Marcelo M. Guimaraes
13/03/2016
Isso acaba de mudar graças a uma equipe de pesquisadores europeus, liderados por Michel Hillen, que observaram o objeto IRAS 08544-4431, distante cerca de 4 mil anos-luz [2, 3]. Esse é um sistema binário pós-RGA (pós- Ramo Gigante Assintótico) onde a estrela primária se assemelha a uma gigante vermelha evoluída que expeliu material e formou um disco de poeira, e a secundária é uma estrela ainda na sequência principal. Eles usaram o Very Large Telescope Interferometer (VLTI) do ESO (European Southern Observatory) [4] que consiste na combinação dos 4 telescópios de 8,4 metros do VLT (Very Large Telescope) e que graças à interferometria cria o equivalente a um telescópio de 150 metros de diâmetro, com uma resolução de 1 mili-segundo de arco.
Com o alto poder de resolução do VLTI, a equipe foi capaz de ocultar a luz das estrelas e fazer imagens do disco de poeira. Para a surpresa da equipe, e da comunidade astronômica, esse disco se parece muito com o disco de poeira ao redor de estrelas jovens. Ele envolve o sistema a uma distância 14 vezes maior que a separação do par binário, a temperatura na sua parte interna coincide com a temperatura esperada para a região de sublimação de poeira (1.150 K) e para sorte da equipe, sua inclinação com a linhada de visada é próxima de zero, o que significa dizer que vemos o plano da órbita do sistema.
A técnica desenvolvida pela equipe permite o estudo detalhado de regiões próximas à estrela e, se novas imagens forem feitas ao longo do tempo, a dinâmica do disco de sistemas evoluídos poderá ser estudada em detalhes. Novas possibilidades também se abrem para o estudo de discos ao redor de estrelas jovens.
[1] Crédito da imagem: ESO/Digitized Sky Survey 2 Acknowledgement: Davide De Martin / Creative Commons.
[2] M Hillen et al. Imaging the dust sublimation front of a circumbinary disk. Astronomy & Astrophysics 588, L1 (2016).
[3] Science Release. Sharpest View Ever of Dusty Disc Around Aging Star. ESO. URL: http://www.eso.org/public/news/eso1608/. Published 9 March (2016).
[4] Interferometry. When even the largest telescope in the world is too small, interferometry can go further. ESO. URL: http://www.eso.org/public/teles-instr/technology/interferometry/. Acesso: 12 de março (2016).
Como citar este artigo: Marcelo M. Guimaraes. Discos de poeira ao redor de estrelas velhas. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/03/discos-de-poeira-ao-redor-de-estrelas-velhas/. Publicado em 13 de março (2016).