Ana Maia
18/04/2016

Criança usando celular. [1]
Criança usando celular. [1]
Na fabricação de celulares, há regras que precisam ser cumpridas para que a exposição do usuário à radiofrequência não exceda limites estabelecidos por recomendações internacionais e por normas nacionais de segurança. Estes limites são dados em termos de taxa de absorção específica (SAR), e a determinação desta grandeza é feita em objetos simuladores de cabeça, denominados manequim antropomórfico específico (SAM) [2].

Embora muitos estudos venham confirmando que o SAM é um modelo experimental seguro [3,4,5], um grupo de pesquisadores vem questionando o seu uso, sobretudo para crianças [6,7].  Para responder de forma mais segura a estas indagações, um estudo recente [8] apresenta um amplo conjunto de cenários, todos de grande realismo, nos quais a SAR foi determinada por estudos numéricos e com a metodologia tradicional usando o SAM.

Foram utilizados dados de imagens por ressonância magnética de 9 cabeças reais, de idades variando de 3 a 40 anos, e 4 mãos reais, além de 5 celulares (sendo 2 modelos comerciais e três modelos simplificados), operando com frequências de 900, 1750 e 1950 MHz. Os resultados obtidos em mais de 400 cenários confirmam que o SAM é um modelo experimental seguro para a grande maioria das situações.

Além disso, o estudo permite, pelo menos, mais duas conclusões muito importantes. A primeira é que os cenários infantis tiveram resultados semelhantes aos cenários com cabeças de adultos, não havendo indício de que há maior prejuízo às crianças devido à metodologia aplicada para verificação da SAR (taxa de absorção específica).

A segunda conclusão é sobre a relevância da simulação das mãos no cenário de exposição. Há estudos divergentes deste assunto que apontam ora as mãos como fator agravador da SAR ora como fator atenuador da SAR [8]. Este recente estudo encontrou que em 92% das situações as mãos diminuem a taxa de absorção específica e apenas em 2% observa-se aumento da SAR em mais de 10%.

De modo geral, este estudo tranquiliza os usuários dos celulares, confirmando que os limites atualmente estabelecidos são igualmente válidos e aplicáveis para adultos e crianças e para situações reais nas quais as mãos são parte do cenário de estudo.

[1] Crédito da imagem: anthony kelly (Flickr) / Creative Commons (CC BY 2.0). URL: https://www.flickr.com/photos/62337512@N00/3601525070.

[2] Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). Resolução nº 533, de 10 de setembro de 2009. URL: http://www.anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/2009/147-resolucao-533. Acesso: 17 de abril (2016).

[3] G Bit-Babik et al. Simulation of exposure and SAR estimation for adult and child heads exposed to radiofrequency energy from portable communication devices. Radiation Research 163, 580 (2005).

[4] W Kainz et al. Dosimetric comparison of the specific anthropomorphic mannequin (SAM) to 14 anatomical head models using a novel definition for the mobile phone positioning. Phys Med Biol 50, 3423 (2005).

[5] J Keshvari and T Heikkilä. Volume-averaged SAR in adult and child head models when using mobile phones: a computational study with detailed CAD-based models of commercial mobile phones. Progress in Biophysics and Molecular Biology 107, 439 (2011).

[6] OP Gandhi et al. Exposure limits: the underestimation of absorbed cell phone radiation, especially in children. Electromagnetic Biology and Medicine 31, 34 (2012).

[7] OP Gandhi et al. Electromagnetic absorption in the human head and neck for mobile telephones at 835 and 1900 MHz. IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques 44, 1884 (1996).

[8] J Keshvari et al. Large scale study on the variation of RF energy absorption in the head & brain regions of adults and children and evaluation of the SAM phantom conservativeness. Physics in Medicine and Biology 61, 2991 (2016).

Como citar este artigo: Ana Maia. A ação do celular é semelhante para crianças e adultos. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/04/a-acao-do-celular-e-semelhante-para-criancas-e-adultos/. Publicado em 18 de abril (2016).

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