Marco Túlio Chella
17/06/2016

Tela de computador exibindo a Trojam Room coffe pot. [1]
Tela de computador exibindo a Trojan Room coffee pot. [1]
Em 1926, Nikola Tesla, físico, engenheiro e inventor, que contribuiu para o desenvolvimento e aplicação da corrente alternada de forma comercial, fez a seguinte previsão:  “Quando a comunicação sem fio estiver desenvolvida, a Terra será convertida em um enorme cérebro, todas as coisas serão partículas de um real e fluido todo …  nós poderemos nos comunicar como se estivéssemos face a face … por meio de instrumentos que caberão no bolso de uma vestimenta.” (tradução livre). A sua visão de dispositivos ou objetos conectados por redes sem fio, propiciando a comunicação entre pessoas, só pôde ser concretizada a partir de avanços tecnológicos e científicos recentes.

Dando um salto para o ano de 1991, tendo como local o Laboratório de Computação da Universidade de Cambridge, conhecido como Trojan Room, encontramos alguns pesquisadores envolvidos em trabalhos relacionados a rede de computadores. Nesse ambiente frugal, os pesquisadores dispersos em várias salas compartilhavam uma única cafeteira e era bastante comum que após o deslocamento para pegar um café encontrasse a mesma vazia. Para tratar essa situação foi ligada uma câmera de vídeo direcionada para a cafeteira e desenvolvido um software para capturar imagens com intervalo de minutos e a distribuir por uma rede, ainda com fio, para a tela dos computadores, possibilitando dessa forma monitorar a quantidade de café disponível. A Trojan Room coffee pot [2], como ficou conhecida a cafeteira, pode ser considerada como o primeiro dispositivo conectado em rede que permitia o monitoramento e compartilhamento remoto do seu estado. De quebra, o conceito de câmera de vídeo conectada em rede levou ao desenvolvimento do que conhecemos hoje como webcam.

Atualmente, noventa anos após a previsão de Tesla, podemos ir a uma loja, ou melhor, comprar pela Internet uma cafeteira que se conecta na rede WI-FI e, por meio de aplicativo no smartphone, enviar comandos para controle de suas funções e receber informações que incluem indicar a quantidade de café.

Com as cafeteiras e outros dispositivos conectados em redes sem fio surgiram outros desafios como a segurança na troca de informações e compatibilidade entre os diversos equipamentos e programas. Mas isso é trabalho para a nova geração de pesquisadores, ainda movidos a cafeína, da Trojan Room e outros laboratórios ao redor do mundo.

[1] Crédito da imagem: Quentin Stafford-Fraser / Creative Commons (CC BY-SA 3.0). URL: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Trojan_Room_coffee_pot_xcoffee.png.

[2] The Trojan Room Coffee Machine. URL: http://www.cl.cam.ac.uk/coffee/coffee.html.

Como citar este artigo: Marco Túlio Chella. Vai um café? Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/06/vai-um-cafe/. Publicado em 17 de junho (2016).

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