Claudio Macedo
04/08/2016

Proteínas vegetais. [1]
Proteínas vegetais. [1]
Dietas com alta participação de proteínas e baixa de carboidratos foram promovidas em anos recentes como adequadas para a perda de peso e melhoria da saúde [2].

Pesquisadores norte-americanos, considerando que a definição do que é uma dieta equilibrada nutricionalmente permanece uma questão em aberto, empreenderam uma ampla análise estatística visando examinar as associações de consumo de proteína animal e vegetal com os índices de mortalidade das pessoas [2].

Eles descobriram que um alto consumo de proteínas de origem animal (carne vermelha processada e não processada, aves, produtos lácteos, peixes e ovos) foi associado a uma maior taxa de mortalidade, enquanto que uma alta ingestão de proteína a partir de fontes vegetais (pão, cereais, massas, nozes, feijão e legumes) foi associada com um menor risco de morte.

No trabalho, os pesquisadores utilizaram bancos de dados com informações detalhadas sobre alimentação, estilo de vida e informes médicos de mais de 131 mil profissionais de saúde norte-americanos, atualizados regularmente desde 1976.

Os autores definiram, a priori, o que seria um padrão de estilo de vida saudável como: não fumar há, pelo menos, 5 anos, nenhum consumo ou consumo moderado de álcool [3], índice de massa corporal de pelo menos 18,5 e inferior a 25,0 [4], e atividade física de pelo menos 150 min/semana. Também, caracterizaram comportamentos de vida não saudável: tabagismo, consumo excessivo de álcool, inatividade física e excesso de peso.

A diferença de taxa de mortalidade por maior ou menor consumo de proteína animal ou vegetal só foi observada nas pessoas que tinham pelo menos um dos fatores de comportamentos de vida não saudável. Entre os indivíduos de estilo de vida saudável não foi observado qualquer efeito na mortalidade devido ao tipo de proteína consumida.

O estudo também indicou que os indivíduos que ao longo do tempo substituíram boa parte do consumo de proteína animal, especialmente aquela de carne vermelha, por proteína vegetal tiveram taxas de mortalidade menor.

No período objeto da pesquisa ocorreram cerca de 36 mil mortes no grupo em estudo, sendo 24,5% por doença cardiovascular, 36,4% de câncer, e 39,1% devido a outras causas.

Esse trabalho é certamente mais um avanço importante no conhecimento de efeitos de alimentos no sentido amplo. Nessa questão de proteína animal versus proteína vegetal é preciso um aprofundamento no sentido biológico, isto é, o que acontece em nosso organismo ao ingerir um tipo ou outro de proteína. Vamos consumir mais proteínas vegetais (pistache, amêndoa, castanha de caju, quinoa, aveia em flocos, lentilha, grão-de-bico, tofu e feijão) e aguardar. [5]

[1] Crédito da imagem: Torange / Creative Commons (CC BY 4.0). URL: http://torange.biz/7292.html.

[2] M Song et al. Association of Animal and Plant Protein Intake With All-Cause and Cause-Specific Mortality. JAMA Intern Med 10.1001/jamainternmed.2016.4182 (2016).

[3] Consumo moderado de álcool: < 14 g/dia para mulheres e < 28 g/dia para homens. Lata de cerveja: 17 g, taça de vinho: 10 g, dose de destilado: 25 g.

[4] Índice de massa corporal (imc) é calculado como o peso em quilogramas dividido pelo quadrado da altura em metros.

[5] Artigos relacionados: Encontrando a felicidade em alimentos, O que aconteceria se todos passassem a ser vegetarianos?, As quatro características de estilo de vida saudável, A obesidade afeta a percepção de distância, Insucesso das dietas.

Como citar este artigo: Claudio Macedo. Alcançando vida mais longa com proteínas vegetais. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/08/alcancando-vida-mais-longa-com-proteinas-vegetais/. Publicado em 04 de agosto (2016).

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