Claudio Macedo
14/12/2017

Raiva. [1]
Estudo desenvolvido por pesquisadores norte-americanos identificou que a pressão de desempenho em ambientes de trabalho é um fator muito relevante na decisão de trabalhadores em adotar comportamentos antiéticos. Os autores descobriram uma sequência de atitudes encadeadas que explicam boa parte de atos eticamente reprováveis de funcionários que se sentem sob pressão de desempenho [2].

A organização empregadora pressiona os funcionários para aumentar seu desempenho; o funcionário interpenetra a pressão de desempenho como uma ameaça para seu bem-estar, pois percebe que junto com a necessidade de aumentar o desempenho, é subjacente a existência de consequências danosas para ele, caso não consiga atender; isso cria uma necessidade de autoproteção. A autoproteção criada, no caso de não poder satisfazer às expectativas, se reflete na experiência de raiva. O funcionário irritado sente a necessidade de trapacear para se proteger e atender as demandas de desempenho, mesmo que de forma fraudulenta [2].

O trabalho [2] foi realizado criando-se uma medida de comportamento de trapaça no local de trabalho, através de uma pesquisa nacional nos EUA, que pediu aos participantes que falassem sobre o comportamento de trapaça no trabalho, isto é, sobre fatos que eles tinham eventualmente vivenciados. Depois, foram feitos trabalhos de campo, em que funcionários, que se dispuseram a participar da pesquisa, foram questionados sobre a pressão de desempenho no ambiente de trabalho, seus sentimentos e percepções da pressão de desempenho e seus comportamentos de trapaça, caso tenham ocorrido, como resposta à pressão.

Como os comportamentos de trapaça representam desempenhos ilusórios, esses desempenhos não adicionam valor verdadeiro à organização, ou seja, a pressão vira-se contra a própria organização. Fica o alerta a empregadores. Pressão de desempenho só poderá ser produtiva se pactuada, e se o trabalhador puder ver a pressão como não ameaçadora, podendo, assim, com tranquilidade, se concentrar em melhorar o desempenho de forma ética. [3]

[1] Crédito da imagem: geralt (Pixabay) / Creative Commons CC0. https://pixabay.com/en/anger-angry-bad-isolated-dangerous-794699/.

[2] MS Mitchell et al. Cheating Under Pressure: A Self-Protection Model of Workplace Cheating Behavior. Journal of Applied Psychology 10.1037/apl0000254 (2017).

[3] Artigo relacionado: É mais fácil esquecer atos antiéticos.

Como citar este artigo: Claudio Macedo. A pressão de desempenho que induz comportamentos antiéticos. Saense. http://www.saense.com.br/2017/12/a-pressao-de-desempenho-que-induz-comportamentos-antieticos/. Publicado em 14 de dezembro (2017).

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