Portal de Periódicos da CAPES
26/06/2018

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Muito conhecido e lembrado por sua postura extremista, o nazista Adolf Hitler morreu em abril de 1945. Desde então, a análise biomédica de seu cadáver “é uma fantasia científica e histórica”, segundo um estudo recém-publicado pelo European Journal of Internal Medicine. Pela primeira vez desde 1946, os serviços secretos russos – que detinham as amostras em questão – concederam a um grupo de pesquisadores franceses acesso total aos restos mortais do militar para uma análise científica independente.

O artigo The remains of Adolf Hitler: A biomedical analysis and definitive identification está disponível em texto completo no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A análise é importante no que diz respeito à desmistificação das possíveis causas da morte de Hitler, uma vez que não havia uma versão definitiva sobre o episódio. Há quem defenda que ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o ditador fugiu para a América do Sul em um submarino. Alguns acreditam que ele se refugiou em uma base escondida na Antártica.

O fato é que tudo não passava de teoria. A investigação relata que Adolf Hitler deu fim à própria vida por meio de envenenamento ou com uma arma – ou, talvez, das duas formas. “Não sabemos se ele utilizou uma ampola de cianureto ou uma bala na cabeça para se matar. Possivelmente, foram as duas opções”, afirmou o pesquisador e autor do estudo Philippe Charlier à agência France Presse. A pesquisa foi realizada a partir de um pedaço de caveira, correspondente à parte superior do osso occipital, fragmentos da mandíbula superior e restos de tecidos orgânicos.

A análise do fragmento craniano apresenta um buraco no lado esquerdo do cérebro, indicando, talvez, a região em que a arma foi disparada. Os cientistas não foram autorizados a coletar amostras do cérebro para análise, mas conferiram o material com radiografias oficiais dos arquivos dos Estados Unidos e registros odontológicos de Hitler, confirmando a veracidade dos restos mortais avaliados.

“Os dentes são autênticos, não há dúvida. Nosso estudo prova que Hitler morreu em 1945”, indicou Charlier. “Podemos parar com as teorias da conspiração”, adicionou. A afirmação de Charlier casa bem com a incerteza que existia na comunidade histórica e científica sobre o destino final do líder da Alemanha, apesar de muitos historiadores argumentarem sobre a hipótese do suicídio junto à Eva Braun, sua companheira.

Dias após o ocorrido, os soviéticos tomaram Berlim e a agência de inteligência do Exército Vermelho encontrou restos carbonizados de Hitler. Grande parte foi destruída pelo fogo, mas os fragmentos localizados foram armazenados pelos russos. A análise dos resquícios concluiu que o ditador tinha apenas quatro dentes originais. Dos poucos verdadeiros que restavam, muitos tinham sinais severos de tártaro e periodontite. Nenhum trazia vestígios de fibra de carne, o que corrobora com a suposição de que Hitler era vegetariano.

Nos dentes metálicos os pesquisadores encontraram pequenos depósitos azulados. Segundo os cientistas, isso pode sugerir uma reação química entre o possível envenenamento por cianureto e o metal das próteses. Os especialistas não encontraram evidências de ferimento por arma de fogo ou pólvora na arcada dentária, porém não descartam a possibilidade de ele ter atirado em si próprio em outra parte do corpo. [2]

[1] Crédito da imagem: Surian Soosay (Flickr), CC BY 2.0.
https://www.flickr.com/photos/ssoosay/4480871147.

[2] Esta notícia científica foi escrita por Alice Oliveira dos Santos.

Como citar esta notícia científica: Portal de Periódicos da CAPES. Desvendado o mistério sobre a morte de Hitler. Texto de Alice Oliveira dos Santos. Saense. http://www.saense.com.br/2018/06/desvendado-o-misterio-sobre-a-morte-de-hitler/. Publicado em 26 de junho (2018).

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