Pesquisa para Inovação
28/11/2018

Cana-de-açúcar. [1]
Em estudo publicado em Journal of Cleaner Production, pesquisadores do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI, na sigla em inglês) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela Fundação e Shell – revelaram os resultados de uma investigação sobre tecnologias de processos de purificação para remoção de contaminantes do biogás.

Os pesquisadores criaram um modelo para avaliar o rendimento do processo de limpeza do gás e estimaram que, na conta “líquida” (ou seja, após a remoção de contaminantes), poderiam ser produzidos 1,975 bilhões de Nm³ (normal metro cúbico) por ano de biometano a partir da vinhaça da cana-de-açúcar em São Paulo, suprindo 16,6% do consumo de gás natural de todo o estado, de acordo com a Assessoria de Comunicação do RCGI.

Além disso, a substituição do gás natural e do óleo diesel nas usinas de açúcar e álcool poderia evitar o lançamento de 3,965 milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera, o que equivale a 5,48% das emissões do estado.

Liderado pela pesquisadora Suani Coelho, que coordena um dos quase 50 projetos do RCGI, o grupo analisou as principais tecnologias de purificação utilizadas para retirada de contaminantes do biogás, tais como H2S (sulfeto de hidrogênio) e CO2 (dióxido de carbono). São elas: lavagem com água, lavagem com amina, absorção física, PSA (pressure swing adsorption), separação com membranas e separação criogênica (na qual se coloca a mistura gasosa em temperaturas criogênicas para liquefação do CO2, que ocorre antes da liquefação do CH4, e assim se consegue separar um do outro). As duas últimas são tecnologias muito novas.

“Há um número grande de tecnologias disponíveis para realizar estes processos, o que pode ser uma barreira para desenvolvedores de políticas e planejadores energéticos estimarem rapidamente, com poucas incertezas e precisão satisfatória, potenciais de biometano levando em conta normas e padrões estabelecidos por órgãos reguladores”, explica Caio Joppert, o primeiro autor do estudo.

Segundo ele afirmou à Assessoria de Comunicação do Centro, a ideia foi facilitar o trabalho dos tomadores de decisão e planejadores, criando um modelo que conseguisse estimar quanto gás estará disponível para uso depois da limpeza (em termos de volume) e qual é o conteúdo energético (poder calorífico) desse combustível.

“Esses parâmetros podem variar consideravelmente de acordo com a tecnologia utilizada, pois cada tecnologia é como se fosse uma caixinha preta, por assim dizer. O que sabemos é que nunca haverá purificação total do metano de outros gases e vapores que compõem o biogás. E é comum que haja uma perda de metano nesses processos de separação.”

O Brasil, segundo ele, está estipulando agora as normas para injeção de biometano na rede. “Seria um momento oportuno para apresentar a metodologia aos tomadores de decisão e planejadores, algo que o grupo pretende fazer.”

[1] Crédito da imagem: PublicDomainPictures (Pixabay), CC0 Creative Commons.
https://pixabay.com/en/agriculture-sugar-cane-crop-farming-70956/.

Como citar esta notícia de inovação: Pesquisa para Inovação. Biometano a partir da vinhaça da cana-de-açúcar. Saense. http://www.saense.com.br/2018/11/biometano-a-partir-da-vinhaca-da-cana-de-acucar/. Publicado em 28 de novembro (2018).

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