ESA
27/12/2018

Earthrise (Nascer da Terra). [1]
Segunda-feira, 24 de dezembro marca os 50 anos desde que o astronauta da Apollo 8, William Anders, tirou uma imagem icónica da Terra a ascender acima da superfície lunar.

A imagem, conhecida como ‘Earthrise’ (Nascer da Terra), foi reconhecida como o desencadear de um movimento ambiental. Agora, o Diretor do Centro de Astronautas da ESA, em Colónia, Alemanha, Frank De Winne, partilha a sua perspetiva sobre o nosso planeta visto a partir do espaço.

Embora Frank não se lembre da foto ‘Earthrise’ da sua infância, lembra-se claramente da aterragem na Lua.

“Os meus pais acordaram-me para assistir. Ter de me levantar no meio da noite para assistir televisão foi muito impressionante”, diz ele.

Mal sabia ele que um dia estaria entre as fileiras daqueles que voam para o espaço, passando 198 dias não consecutivos em órbita ao redor da Terra e ganhando toda uma nova perspetiva sobre o planeta a que chamamos lar.

Frank diz que cada experiência na vida tem um impacto, mas a fragilidade do nosso planeta, a delgadez da nossa atmosfera e a imensa natureza do universo impressionam quando se voa para o espaço.

“A outra parte, é claro, é que no espaço não há fronteiras”, explica ele. “Pode olhar-se o quanto se quiser, mas não se pode ver uma fronteira entre a Alemanha e a Polónia e a Polónia e a Ucrânia. Passamos milhares de anos a lutar por linhas imaginárias num mapa que simplesmente não são evidentes em órbita.”

O autor Frank White chama a essa mudança de consciência de “efeito visão geral” e diz que, embora as ideias que Frank De Winne e que muitos outros astronautas descrevem sejam conhecidas intelectualmente por nós, é a experiência direta que as torna tão poderosas.

“Alguns dos astronautas que entrevistei falaram sobre ir ao Grande Canyon, nos Estados Unidos – pode descrevê-lo, pode falar sobre isso, pode tentar explicar para as pessoas, mas essa não é a experiência,” explica ele.

Apesar disso, ele acredita que a imagem ‘Earthrise’ e outras imagens captadas por astronautas como Alexander Gerst, da ESA, desempenham um papel vital ao ajudar-nos a entender melhor o nosso lugar no universo e a necessidade do pensamento global.

“A ‘Earthrise’ amplificou o movimento ambiental aqui na Terra. É um bom exemplo de como, ao partilhar as suas experiências com pessoas que podem não ter a oportunidade de viajar para o espaço, os astronautas podem influenciar o nosso pensamento e comportamento.”

Para Frank De Winne, o efeito geral permanece sempre presente, mas atualmente ele olha para a lua.

“Percorremos um longo caminho desde que esta foto foi tirada,” diz ele. “Aterrámos na Lua seis vezes. A sonda Rosetta da ESA pousou num cometa, sondas e rovers pousaram em Marte, estamos a trabalhar em conjunto com cinco parceiros internacionais e muitos outros países na Estação Espacial Internacional.

“Agora é hora de dar o próximo passo e ir em frente para a Lua – não para plantar uma bandeira e ser o primeiro, mas para realmente explorar como uma comunidade internacional em benefício da Terra. Essa é a nossa visão para a Europa.”

[1] Crédito da imagem: NASA.

Como citar esta notícia científica: ESA. Reflexão sobre o ‘Nascer da Terra’: 50 anos depois. Saense. http://www.saense.com.br/2018/12/reflexao-sobre-o-nascer-da-terra-50-anos-depois/. Publicado em 27 de dezembro (2018).

Notícias científicas da ESA Home