IPT
11/02/2019

Trabalhadores fazem triagem de material na cooperativa de reciclagem. [1]
Três laboratórios do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) estão trabalhando em conjunto com a Cooperativa de Reciclagem de Sucatas União Bertioga (Coopersubert) no desenvolvimento de um sistema integrado para escoamento de materiais recicláveis, cujo produto final será uma plataforma digital de interação entre cooperativas e empresas compradoras dos materiais processados.

O projeto, desenvolvido no âmbito da Fundação de Apoio do IPT (FIPT), prevê a instalação de balanças com sensores na cooperativa, escolhida para o desenvolvimento piloto do trabalho. O equipamento será responsável por pesar cada tipo de material e enviar informações para uma plataforma online para acesso por possíveis compradores finais.

“O projeto é baseado em conciliar melhorias de processo dentro de cooperativas com tecnologias inteligentes para disponibilização de dados em rede”, explica Letícia dos Santos Macedo, pesquisadora do Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas do IPT e coordenadora do trabalho. “Se o sistema for efetivo em melhorar a organização interna das cooperativas e a relação com os compradores, evitando estocagem de material e possibilitando rastreabilidade dos materiais, por exemplo, a ideia é que ele seja expandido para outras cooperativas da Baixada e fique disponível para implantação em outras regiões”.

Além do encadeamento da oferta e procura dos materiais, a conexão entre cooperativas e compradores em uma mesma plataforma pode propiciar vantagens como o barateamento do transporte, uma vez que um mesmo frete poderia ser utilizado para compra de resíduos de duas cooperativas diferentes pelo mesmo comprador.

“A sistematização também ajuda a padronização e a adequação dos preços dos materiais, através do conhecimento da oferta e procura por cada um deles. Isso traz um modelo mais estruturado para as cooperativas, tanto de negociação com clientes quanto de qualidade do processo, que contará com registros de geração, rastreabilidade, compra e venda”, avalia a pesquisadora.

Levando em conta a informalidade da cadeia de gestão de resíduos sólidos, sobretudo na coleta – são mais de 80 mil catadores cadastrados no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) no Estado de São Paulo – Letícia conta que um dos objetivos do projeto é também melhorar a geração de dados com relação aos resíduos gerados e efetivamente reciclados, assim como a melhoria das condições de trabalho dos catadores.

O trabalho tem previsão de conclusão para julho de 2019 e está alinhado a outros projetos desenvolvidos na região, como o RSU-Energia e o Plano Regional de Gestão Integrada de Resíduos da Baixada Santista. Segundo os dados levantados pelo IPT, apenas 2% de todo o lixo gerado na região é destinado à reciclagem, sendo que há um potencial de reciclagem em cerca de 40% dos resíduos destinados a aterros.

“Esse projeto faz parte de todo o processo que deve ocorrer para a melhora da gestão dos resíduos, que inclui maior transparência da geração de dados, aumento e otimização da infraestrutura das cooperativas, legislação municipal adequada, organização da cadeia, inclusão social e educação ambiental”, finaliza a pesquisadora.

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO – A cooperativa de Bertioga conta com uma coleta seletiva sistematizada na cidade e triagem do material. O objetivo é fazer um levantamento do modelo de negócios da cooperativa e as principais dificuldades encontradas, buscando entender a melhor forma de gestão para os resíduos.

Para definir os compradores a serem integrados no sistema em escala piloto, foram escolhidos dois tipos diferentes de materiais, o PET cristal e o papelão. Junto ao Laboratório de Processos Metalúrgicos, será esquematizada toda a cadeia de geração, manuseio, coleta, transporte, compra, beneficiamento e destinação final desses resíduos dentro da realidade das cooperativas.

O Laboratório de Vazão será o responsável pelo desenvolvimento e acoplamento dos sensores à balança que será instalada na cooperativa. Depois do treinamento das equipes cooperadas para utilização do sistema, o piloto funcionará por cerca de três meses para levantamento de resultados, que devem ser apresentados em julho de 2019.

O projeto foi um dos quatro selecionados no primeiro edital da Fundação de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (FIPT), que foi lançado em janeiro de 2017, para financiar projetos sociais de laboratórios e seções do IPT voltados à promoção da transformação social positiva e sustentável. Os projetos escolhidos cumprem as diretrizes e os conteúdos estabelecidos na Política de Investimento Social da FIPT, e seguem também as orientações da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, editada em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU), tendo como público direto populações em vulnerabilidade socioeconômica no Brasil.

[1] Crédito da imagem: IPT.

Como citar esta notícia de inovação: IPT. Cooperativas inteligentes. Saense. http://www.saense.com.br/2019/02/cooperativas-inteligentes/. Publicado em 11 de fevereiro (2019).

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