SBF
20/03/2019

Arteriosclerose se desenvolve a partir de mudanças nas partículas de LDL. [1]

Essencial ao metabolismo celular, o colesterol é uma das principais moléculas que compõem as membranas celulares. Insolúvel no sangue em sua forma pura, o colesterol é transportado pela corrente sanguínea por partículas de lipoproteína de baixa densidade, conhecidas por sua sigla em inglês, LDL. Essas partículas com diâmetro da ordem de 20 nanômetros se dissolvem no sangue, sem a possibilidade de se acumularem nas paredes de alguma artéria.

O excesso de radicais livres e de glicose no sangue típicos de doenças cardíacas e da diabetes, entretanto, modificam as partículas de LDL, induzindo uma resposta do sistema imunológico humano. “A luta do sistema imunológico contra as LDLs modificadas faz aparecerem as placas nas artérias, causando a chamada arteriosclerose”, explica o professor Antonio Figueiredo do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), que pesquisa como a alteração das propriedades ópticas das partículas LDL podem ser utilizadas como indicadores de doenças.

No vídeo, Figueiredo explica seus resultados publicados em artigo na edição de dezembro de 2018 do Brazilian Journal of Physics (BJP). A pesquisa é uma continuação do trabalho desenvolvido por seu grupo, membro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fluídos Complexos, com apoio FAPESP e do CNPq, em  colaboração com pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP.

“O estudo procurou verificar in vitro qual o tipo de modificação pode ocorrer na lipoproteína”, explica Figueiredo, “verificando qual o tipo de influência o contato da LDL teria com a glicose presente no sangue de pessoas diabéticas”. A pesquisa utilizou a técnica conhecida como varredura Z para medir a resposta óptica não linear na escala de milissegundos de uma amostra de partículas de LDL dissolvida em água. Quando a luz laser é absorvida pela partícula de LDL, a energia da luz é transformada em calor, criando um efeito de lente térmica. Quanto mais modificada pela glicose, menos intenso o efeito.

[1] Crédito da imagem: Divulgação.

[2] O trabalho foi publicado no artigo científico: “Structural and Nonlinear Optical of in vitro Glycation of Human Low-Density Lipoprotein, as a Function of Time” de Ana Paula de Queiroz Mello, Ghadeer Albattarni, Daniel Humberto Garcia Espinosa, Dennys Reis & Antonio Martins Figueiredo Neto. Brazilian Journal of Physics, December 2018, Volume 48, Issue 6, pp 560–570.

Como citar esta notícia científica: SBF. Estudo mostra como glicose muda propriedades ópticas de LDL. Saense.https://saense.com.br/2019/03/estudo-mostra-como-glicose-muda-propriedades-opticas-de-ldl/. Publicado em 20 de março (2019).

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