Embrapa
30/05/2019

Método permite avaliar o retorno da pesquisa para a pecuária brasileira (foto: Kadijah Suleiman)

Profissionais da Embrapa Gado de Corte (MS) desenvolveram um método para calcular o quanto uma cultivar de forrageira custa para ser desenvolvida. Iniciado em 2014, o trabalho foi coordenado pelo analista Edson Espindola Cardoso e contou com dois pesquisadores da área de economia rural, Fernando Paim Costa e Mariana de Aragão Pereira, todos da Embrapa. Eles avaliaram 16 cultivares desenvolvidas por aquela unidade de pesquisa e estimaram os custos de seu desenvolvimento (veja quadro). O estudo foi divulgado na publicação Custo das cultivares forrageiras lançadas pela Embrapa Gado de Corte: metodologia e resultados.

As gramíneas e leguminosas forrageiras têm importância especial à pecuária de corte. De acordo com os participantes do trabalho, o aumento de oferta de carne na mesa do brasileiro nos últimos 30 anos deve-se, em grande parte, ao desenvolvimento de pastagens de maior valor proteico, das quais o gado se alimenta. Somente o capim marandu gerou impactos da ordem de R$ 2,7 bilhões ao País devido à sua expressiva adoção em sistemas de produção leiteiro e de corte, relataram os autores. No bioma Cerrado, por exemplo, o marandu forma praticamente a metade das pastagens. As sementes de forrageiras geradas no Brasil também são produto de exportação, aumentando a importância dos investimentos em sua pesquisa e desenvolvimento.

“Os custos obtidos na nova metodologia permitem conhecer com mais profundidade os retornos dos investimentos na pesquisa e subsidiam os tomadores de decisão a alocar com mais eficiência os recursos utilizados no desenvolvimento”, acredita Cardoso, frisando ser possível agora calcular parâmetros econômicos sólidos como taxa interna de retorno (TIR) e valor presente líquido (VPL). Ele ressalta também o ineditismo do trabalho: “Por não haver metodologia específica, criamos um modelo para calcularmos o custo de cada forrageira e quanto o governo dispendeu de recursos para sua conclusão”, conta.

A metodologia criada

Para os cálculos, a equipe considerou os custos diretos e indiretos desde o início das pesquisas até o lançamento da tecnologia. Foram considerados valores de projetos de pesquisa; plantas que não foram selecionadas; manutenção do banco de germoplasma; manutenção de setores da Unidade; despesas com trabalhadores envolvidos, como pesquisadores e pessoal de apoio, proporcionais ao tempo de dedicação; despesas com material de consumo; serviços de terceiros e investimentos; custo de depreciação de imóveis e equipamentos.

Todos os valores foram corrigidos pelo Índice Geral de Preços (IGP) da Fundação Getúlio Vargas. “Algo que ajudou muito na elaboração de cálculos foi uma normativa baixada pela Embrapa criando uma tabela de custo de mão de obra dos trabalhadores da Empresa, o que nos deu uma boa base”, conta Cardoso. Da tabela à qual ele se refere constam os custos de mão de obra de trabalhadores por categoria profissional com valores médios por mês, semana, dia e hora.

Os materiais estudados e que serviram de base para as análises foram uma coleção de 450 acessos Brachiaria, outra de 426 acessos de Panicum maximum e uma terceira coleção de 650 acessos do gênero Stylosanthes. Para ter uma visão geral dos trabalhos, Cardoso precisou entrevistar líderes dos projetos e vários outros pesquisadores envolvidos, como os das áreas de entomologia, solos, fitopatologia, nutrição, produção de sementes e socioeconomia. “Com base nas entrevistas, identificamos o número de acessos ou germoplasmas de cada gênero forrageiro – Brachiaria, Panicum e Stylosanthes – recebido pela Embrapa Gado de Corte a partir de 1982, que passaram a compor o patrimônio genético da instituição.”

Por que não se calculou o custo da marandu

Cardoso conta que não foi possível fazer o levantamento do custo da cultivar marandu. Essa forrageira foi introduzida no Brasil por volta de 1967 pelo produtor de sementes Paul Rankin Rayman, e foi submetida a diferentes estudos e cultivada por vários anos no estado de São Paulo, de onde foi distribuída para várias regiões. Em 1977 essa gramínea foi fornecida à Embrapa Gado de Corte e incluída no processo de avaliação de forrageiras da Unidade. Nos anos seguintes, outros centros de pesquisa da Embrapa receberam amostras da planta, que foram submetidas a estudos.

Segundo o especialista, não foi possível resgatar os valores dispendidos durante essas fases, bem como de governos ou instituições privadas que investiram em seus estudos. “Entendemos que se nos apropriássemos apenas dos valores utilizados a partir do momento em que a Embrapa Gado de Corte iniciou seus estudos, em 1977, a informação não retrataria com fidelidade o montante de recursos dispendidos até seu lançamento, em 1984”, explica.

O retorno da Embrapa à sociedade

Vem de longa data a preocupação da Embrapa em avaliar suas tecnologias e divulgar os retornos dos investimentos feitos na pesquisa agropecuária. Em 1997, a Empresa lançou o seu primeiro Balanço Social , atualizado anualmente.

Nessa publicação, são revelados os impactos das tecnologias sobre o aumento da produtividade, redução de custos, agregação de valor, expansão da produção, geração de empregos, além de benefícios à sociedade e ao ambiente. O Balanço Social é disponibilizado na internet e contém resultados de diversas tecnologias agropecuárias da Embrapa, incluindo as plantas forrageiras que representam a maior eficiência de retorno dos custos. [1]

[1] Esta notícia científica foi escrita por Eliana Cezar.

Como citar esta notícia de inovação: Embrapa. Custo de desenvolvimento de forrageiras. Texto de Eliana Cezar. Saense. https://saense.com.br/2019/05/custo-de-desenvolvimento-de-forrageiras/. Publicado em 30 de maio (2019).

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