UFRGS
29/10/2019

Projeto objetiva facilitar o trabalho de tradutores e pesquisadores da área de conservação e restauração de bens culturais móveis em papel – Foto: Gustavo Diehl/UFRGS

A todo momento, entramos em contato com textos produzidos em diferentes línguas que são trazidos para o português de modo a facilitar o entendimento. No entanto, para um texto chegar até nós, é preciso antes ser lido por alguém que pode não ter um conhecimento aprofundado no assunto retratado ali: o tradutor. É de maneira a facilitar o trabalho desses e de outros profissionais e estudantes que o Projeto Terminológico Cone Sul (Termisul), do Instituto de Letras da UFRGS, tem trabalhado desde a sua criação nos anos 1990.

O grupo desenvolve pesquisas nos campos da Terminologia (estudo dos termos e da organização das linguagens especializadas) e da Terminografia (descrição das propriedades linguísticas e produção de obras de referência, como dicionários). O tema tratado atualmente centra-se na área de conservação e restauração de bens culturais móveis em papel – como livros e documentos. A ideia surgiu durante uma das reuniões da equipe e foi impulsionada pela tese de doutorado de Silvana Bojanoski, que versa sobre a produção de um glossário para profissionais da área. A professora do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) faz parte do Termisul.

Como explica a professora do Instituto de Letras Denise Regina de Sales, uma das participantes do projeto, o objetivo é criar uma base de dados pública contendo termos e unidades fraseológicas especializadas eventivas (UFEs eventivas) e seus equivalentes nos idiomas definidos, além de uma coletânea com os textos analisados. As UFEs são expressões formadas por ao menos duas palavras – um verbo e um termo específico – que possuem significado e utilização próprios. Por exemplo, quando se quer falar a respeito da limpeza feita nos acervos, utiliza-se a expressão “higienizar o acervo”, que será compreendida pelos outros profissionais da área. Se essas palavras forem traduzidas separadamente, serão compreendidas de maneira diferente àquela expressa no conjunto.

Após definirem o foco do trabalho, foram escolhidos os textos que seriam analisados, tanto em português quanto nas outras línguas, e retiradas todas as imagens, sumários e outros anexos presentes. O próximo passo, com auxílio dos softwares AntConc e Sketch Engine, consistiu em buscar os termos em português – ponto de referência – mais recorrentes. A partir disso, uma lista com os termos selecionados foi montada, e dela foram retiradas palavras comuns, nomes de instituições e nomes próprios; só então passou pela revisão com um especialista da área.

Em um segundo momento, foram feitas a procura e a identificação dos termos equivalentes nos idiomas escolhidos de acordo com a disponibilidade e o interesse dos professores do grupo. Esse estudo contará com cinco línguas: espanhol, francês, inglês, italiano e russo. Na etapa final, será realizada a inserção dos termos e UFEs na base de dados, junto ao contexto em que cada um pode ser utilizado, e, antes da publicação, será efetuada uma última revisão.

O projeto atual teve início em agosto e tem duração prevista de dois anos. Ele é um desdobramento do anterior, realizado entre 2016 e 2018, que coletou os 300 termos mais utilizados referentes a objetos, diagnósticos, produtos, materiais e instrumentos, enquanto a pesquisa que começou se foca nas UFEs eventivas. Como forma de divulgar suas pesquisas, o grupo costuma participar de eventos, como o Salão UFRGS, e disponibiliza os materiais em seu site. Além disso, a ideia é também produzir um glossário digital reunindo todos os dados coletados, como já foi feito para outras áreas. As bases já estão em construção e em breve estarão disponíveis. [1]

[1] Texto de Thauane Silva.

Como citar esta notícia científica: UFRGS. Pesquisadores estudam termos em diferentes línguas específicos da área de conservação e restauração de bens culturais. Texto de Thauane Silva. Saense. https://saense.com.br/2019/10/pesquisadores-estudam-termos-em-diferentes-linguas-especificos-da-area-de-conservacao-e-restauracao-de-bens-culturais/. Publicado em 29 de outubro (2019).

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