Jornal UFG
05/03/2020

Grafite de Carolzinha Itzá – São Paulo, SP, 2015 (Imagens: Facebook de Carolzinha Itzá)

Débora Alves

Uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG) investigou o cenário da arte urbana como espaço de protesto de mulheres, principalmente no Brasil. Em sua tese de doutorado, a pesquisadora Nathália de Freitas analisou obras, feitas por mulheres e homens, que levantam temas e problemáticas de relevância para as questões feministas.

A pesquisa aborda a história do grafismo e questões de empoderamento e parceria entre as mulheres ligadas a essa arte. Segundo a pesquisadora, as mulheres ainda são minoria no cenário da arte urbana. “Comecei a perceber que muitas mulheres estavam representando temáticas relacionadas a suas próprias vivências, de modo que as mulheres negras grafitaram sobre racismo, preconceito e blackpower, da mesma forma que encontrei mulheres que grafitaram sobre violência doméstica, Lei Maria da Penha e outros assuntos relacionados”, conta Nathália.

O estudo ainda contempla grafites que homenageiam personagens reais e da ficção que fizeram história e se tornaram referência na luta das mulheres e mostra que essa atuação se faz importante para dar visibilidade ao movimento feminista e à própria história das mulheres. “Comecei lá na graduação conhecendo esse grafite, durante o estágio nas escolas, e depois fui pesquisar sobre o grafite em Goiás. Com o desenrolar da pesquisa, acabei me encontrando nesse cenário das grafiteiras, que inclusive usam esses grafites para denunciar e se colocar em um lugar de destaque”, explica a pesquisadora.

Grafismo em Goiás

De acordo com a pesquisa, o grafite em Goiás teve início como meio de protesto e esteve relacionado ao acidente radiológico com a cápsula de Césio 137, que aconteceu em Goiânia em 1987. Na época, surgiu uma dupla de grafiteiros que fazia parte do grupo Pincel Atômico, que criticava as ações das autoridades da época.

Alguns dos grafites mais conhecidos do Pincel Atômico foram a Barata, Inseto Resistência, tratada como “sobrevivente” do acidente, e o Frango Mutante, que transmitia a ideia de que o Césio iria transformar as pessoas em seres mutantes. Eles também grafitaram temas da época, como assuntos relacionados ao rock, e à Aids.

Como citar esta notícia: Jornal UFG. Grafite também é espaço de luta das mulheres.  Texto de Débora Alves. Saense. https://saense.com.br/2020/03/grafite-tambem-e-espaco-de-luta-das-mulheres/. Publicado em 05 de março (2020).

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