UnB
01/10/2020

(Imagem de Free-Photos por Pixabay)

Rodolfo Ward

Devido às mudanças econômicas e sociais das últimas décadas, o mundo está passando por uma transformação política global. Com o advento das novas tecnologias, o ciberespaço assumiu um lugar de poder central na contemporaneidade promovendo o esgotamento das instituições hierarquicamente rígidas, como a igreja e a academia, dando lugar às redes de relacionamentos, com estruturas fluidas, transversais e cooperativas. “Economias por todo mundo passaram a manter interdependência global, apresentando uma nova forma de relação entre a economia, o Estado e a sociedade em um sistema de geometria variável” (CASTELLS, 2000, p. 39).

Os estudos sobre a contemporaneidade tratam de temas globais e coletivos que refletem e se expressam na vida individual tendo como marco histórico inicial a ruptura com o período anterior, a modernidade, por meio do declínio da União Soviética e a queda do muro de Berlim, que promoveram intensas mudanças socioeconômicas em nível global, rompendo com o modelo moderno vigente durante a Guerra Fria (MAFFESOLI, 2015, on-line) e “alterando a geopolítica[1] global” (CASTELLS, 2000, p. 39).

As novas concepções criam dúvidas e fomentam reflexão sobre os problemas e as preocupações da condição histórica que vivemos por meio do paradoxo globalização e fragmentação. Por um lado, a globalização hegemoniza as manifestações culturais e impõe o modelo econômico neoliberal baseado no consumismo em larga escala que gera produção e descarte em larga escala. Por outro lado, a fragmentação desse processo por meio dos impactos no sistema político Estado-Nação “devido às diferenças regionais, locais e institucionais que emergem não apenas entre grupos geopolíticos, mas também de dentro deles” (MARTINS, 2013). Para Martins, essas duas forças contraditórias criam conflitos em espaços sociais que são intensificados, na pós-modernidade, pela participação das massas nas redes sociais localizadas no ciberespaço.

Essa transformação socioeconômica e cultural, de certa forma ainda recente para os teóricos, promove algumas divergências entre autores e escolas sobre o atual período histórico que vivemos e suas definições, porém há consenso que passamos por uma densa transformação social, econômica, cultural e simbólica possível e potencializada pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Para embasar teoricamente esta pesquisa, serão apresentados os conceitos de pós-moderno, supermoderno e hipermoderno e suas relações com o ciberespaço e com os movimentos sociais contemporâneos.

As definições de pós-modernidade, ou supermodernidade ou hipermodernidade estão ligadas às mutações sociais pelas quais a sociedade contemporânea está passando em decorrência das rupturas com os regimes de verdade e metanarrativas modernas já sedimentadas na cultura social. Esses três termos foram cunhados por pesquisadores de escolas diferentes com o objetivo de definir o estado da arte do período que a sociedade contemporânea vivencia e também como forma de tornar academicamente possível desenvolver estudos metodológicos sobre o tema. Traremos algumas definições sobre essa temática para que possamos ter um melhor entendimento sobre a época em que vivemos. [2]

[1] Geopolítica é um estudo dos Estados em sua relação no contexto mundial (BOFIM, 2005).

[2] Rodolfo Augusto Melo Ward de Oliveira é programador Visual da UnB. Doutorando em Artes Visuais e mestre em Arte Contemporânea pela linha de pesquisa, Arte e Tecnologia, da Universidade de Brasília – UnB (2019). Pós-Graduado em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais IREL/UnB (2020). Pós-Graduado em Análise Política e Políticas Públicas pelo Instituto de Ciência Política – IPOL/UnB (2018).

Como citar este artigo: UnB. Novas tecnologias, concepções de mundo e novos regimes de verdade. Texto de Rodolfo Ward. Saense. https://saense.com.br/2020/10/novas-tecnologias-concepcoes-de-mundo-e-novos-regimes-de-verdade/. Publicado em 01 de outubro (2020).

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