UnB
19/01/2021

Pedro Gonet Branco e Eduardo Roque
O ano de 2020 certamente ficará marcado como o ano em que o mundo padeceu com a covid-19. Ao contrário de outras crises – como as provocadas por desastres naturais, desastres tecnológicos, conflitos políticos ou problemas econômicos – a crise sanitária desencadeada pelo Sars-Cov-2 (termo que designa o vírus causador da doença) transformou-se em um fenômeno que afetou gravemente todas as esferas da sociedade.
Também ao contrário das outras crises, estas com farta literatura científica a respeito de possíveis estratégias e ações de contingência, as pesquisas relativas a crises de saúde eram escassas e não compreendiam a possibilidade de um desenrolar de fatos com repercussão em toda a realidade social, como aconteceu com o novo coronavírus.
Não fosse isso o bastante, a crise sanitária desencadeada pela covid-19 surpreendeu a humanidade com a necessidade de, ao mesmo tempo, compreender quais eram as consequências biológicas do desconhecido patógeno, buscar tratamento para a doença, garantir a sanidade dos cidadãos e preservar a segurança econômica das nações.
A falta de rápida resposta médica ao vírus, o lockdown decretado pelo mundo, o fechamento de fronteiras, os problemas de abastecimento e as exigências de distanciamento social transformaram a crise sanitária em grave crise financeira, com inimaginável repercussão econômica, política, social e psicológica.
Esse cenário fez surgir a expressão “novo normal”, termo que tenta abarcar a nova realidade de distanciamento físico-social adotado para conter a propagação do vírus – e todas as suas consequências. Esse afastamento, necessário para a contenção da doença, afeta diretamente as atividades sociais com convívio físico nas quais os seres humanos tendem a se envolver, afinal, a vida humana é, essencialmente, uma experiência compartilhada.
Nesse sentido, o “novo normal” trouxe prejuízos, entre muitos outros, aos empresários que dependem da interação social para desenvolver suas atividades empresariais, como os dos ramos de entretenimento e de alimentação. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o período de lockdown fez com que 30% dos estabelecimentos do ramo que existem no Brasil (aproximadamente um milhão) fechassem as portas em definitivo.
Apesar da permissão legal para reabertura, os empresários precisaram se moldar à nova realidade para continuar funcionando, seja para amenizar o medo que as pessoas desenvolveram de potencial encontro com alguém infectado pela doença, seja para cumprir com as determinações legais de higienização em nome da saúde coletiva.
Com a difícil missão de empreender em meios a riscos desconhecidos e de imprecisa mensuração, os empresários da atual geração foram obrigados, como disse o cientista Ikhlaq Sidhu, a desenvolver, agora, o protótipo do mundo futuro. [1], [2]
[1] Pedro Gonet Branco é acadêmico de Direito (UnB). Editor-chefe da Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasília (RED|UnB). Estudante visitante na Universidade da Califórnia Berkeley. Coordenador do programa Falando em Justiça (TV Justiça).
[2] Eduardo Roque é mestre em Gestão e Empreendedorismo (Iscal/Portugal). Empresário do setor de entretenimento e bares/restaurantes.
Como citar este artigo: UnB. A importância do propósito para os negócios e a pandemia. Texto de Pedro Gonet Branco e Eduardo Roque. Saense. https://saense.com.br/2021/01/a-importancia-do-proposito-para-os-negocios-e-a-pandemia/. Publicado em 19 de janeiro (2021).