CCS/CAPES
28/07/2021
Uma bolsista da CAPES encontrou no tucumã, um fruto da Amazônia, uma alternativa mais sustentável para o óleo vegetal mais consumido no mundo: o de palma, também conhecido no Brasil como azeite de dendê. Este tem causado a destruição de florestas tropicais, enquanto que o material estudado por Maria Fernanda dos Santos Mota, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) financiada pela Fundação, segue regras mais rígidas.
O óleo de palma é intensamente explorado na Malásia e na Indonésia, países responsáveis por 87% do consumo do produto em todo o mundo. “A exploração do tucumã, por sua vez, é realizada por pequenos produtores locais organizados em cooperativas na região amazônica e seguindo o sistema de manejo agroflorestal”, explica Maria Fernanda. Desde 2004, o azeite de dendê é o óleo vegetal de maior consumo, por ser mais saudável em comparação com aqueles que produzem gordura vegetal hidrogenada. A hidrogenação gera ácidos graxos trans, associados ao risco de doenças cardiovasculares.
Do excesso da extração do óleo de palma, no entanto, surgiu a necessidade de se buscar outros materiais. Maria Fernanda recorreu a uma solução caseira. O tucumã é nativo da Amazônia brasileira. “O óleo da polpa do tucumã apresenta alto potencial nutricional e funcional, sendo rico em ácidos graxos monoinsaturados e compostos bioativos, tais como o β-caroteno”, diz a doutoranda. Os usos em potencial, afirma, se dão nas indústrias de alimentos, cosméticos e fármacos.
A bolsista se propôs, em sua tese, a fracionar o óleo de tucumã para obter diferentes propriedades físicas e funcionais. A pesquisadora pretende, assim, incentivar a exploração sustentável do óleo da polpa do tucumã, bem como desenvolver uma cadeia produtiva de derivados desse material.
O trabalho se deu dentro e fora do País. No Brasil, na própria UFRJ, Maria Fernanda fracionou o óleo. Na Austrália, na Universidade Monash, em Melbourne, onde ficou por um ano, ela fez a análise do óleo já refinado. A CAPES esteve presente nas duas etapas. Em território nacional, com bolsa das cotas institucionais a programas de pós-graduação. Já no exterior, com financiamento pelo Programa Institucional de Internacionalização (PrInt). A defesa da tese está prevista para fevereiro de 2022.
Como citar este texto: CCS/CAPES. Alternativa ao óleo de palma. Saense. https://saense.com.br/2021/07/alternativa-ao-oleo-de-palma/. Publicado em 28 de julho (2021).