Fiocruz
29/09/2021

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Entre os testes disponíveis para diagnóstico da doença de Chagas crônica, o ELISA é um dos mais utilizados por seu custo benefício. Porém, com frequência, apresentam resultados inconsistentes que podem ser atribuídos a várias causas, dentre elas os antígenos escolhidos para captura de anticorpos específicos. Por esse motivo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a utilização de dois testes sorológicos diferentes, sendo uma das alternativas futuras a utilização de proteínas quiméricas, que possuem vários antígenos (epítopos) diferentes do Trypanosoma cruzi em uma única molécula.

Um grupo de especialistas da Fiocruz Bahia, conduzido pelo pesquisador Fred Luciano Neves Santos, analisou o desempenho de quatro proteínas quiméricas de T. cruzi, denominadas IBMP-8.1, IBMP-8.2, IBMP-8.3 e IBMP-8.4 (Instituto de Biologia Molecular do Paraná – IBMP), sob condições adversas de armazenamento e manuseio. Os resultados desta análise funcional, de termoestabilidade e de estabilidade de longo prazo foram publicados no periódico Biosensors.

Para avaliação da termoestabilidade, os quatro antígenos IBMP foram aquecidos a 85°C e resfriados a 4°C para verificar a reversibilidade da desnaturação pelo calor. Os achados apontam que os antígenos são estáveis, e continuam a ser reconhecidos por anticorpos anti-T. cruzi após a reversão da desnaturação. Em outra análise, os antígenos foram deixados em temperatura ambiente por quatro dias. Ao final deste período, apesar de intensa degradação das moléculas e desnaturação, duas delas continuaram reconhecidas por anticorpos anti-T. cruzi. Na última análise, foi observada a estabilidade dos antígenos sensibilizados em microplaca em reconhecer os anticorpos anti-T. cruzi, sendo observada funcionalidade das quatro moléculas em período superior a 12 meses.

O estudo também demonstrou que os antígenos IBMP são muito estáveis quando solúveis em tampão carbonato e, mesmo com alguma degradação pela temperatura, pouco da capacidade diagnóstica é perdida. No geral, não houve mudança significativa nos valores de precisão em nenhum dos quatro antígenos, indicando que todos os antígenos quiméricos avaliados na pesquisa são altamente estáveis, preservando sua funcionalidade em imunoensaios, mesmo após exposição a condições extremas de temperatura.

A doença de Chagas é causada pelo Trypanosoma cruzi, presente nas fezes do inseto conhecido como barbeiro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 7.500 óbitos são causados anualmente, em 21 países endêmicos. [2]

[1] Foto: Cyro José Soares.

[2] Fiocruz Bahia.

Como citar esta notícia: Fiocruz. Pesquisa aponta estabilidade de proteínas quiméricas no diagnóstico de Chagas. Saense. https://saense.com.br/2021/09/pesquisa-aponta-estabilidade-de-proteinas-quimericas-no-diagnostico-de-chagas/. Publicado em 29 de setembro (2021).

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